segunda-feira, 9 de maio de 2022

O GOSTO POR APRENDER E ENSINAR

 

                                                                              


Os trabalhos apresentados na obra O gosto por aprender e ensinar mostram a trajetória acadêmica da autora, desde a graduação até o mestrado. É possível perceber nas abordagens teórico metodológicas da autora, no lugar de sua fala e nos objetos de estudo, as tendências descritas na BNCC para esse século, segundo o MEC. Para demonstrar o caminho percorrido e os desafios enfrentados foram incluídos textos da vivência profissional. Por que isso? Porque a sociedade contemporânea impõe um outro olhar no que se refere a educação, levando em consideração o que, e para que aprender, e, o como ensinar e avaliar o aprendizado.

O objetivo da BNCC é garantir a formação integral dos indivíduos a partir de algumas competências que dizem respeito a formar cidadãos mais críticos, com capacidades diversas, do tipo: aprender a aprender, resolver problemas, autonomia para tomada de decisões, capazes de trabalhar em equipe, respeitar o outro, o pluralismo de ideias, que tenham a capacidade e argumentar e defender seu ponto de vista.

    Para o século XXI a proposta é formação de cidadãos críticos, criativos, participativos e responsáveis, capazes de se comunicar, lidar com as próprias emoções e propor soluções para problemas e desafios. Dentre as 10 competências que serviram de referência para estruturação de toda a Base, desde a Educação Infantil até o fim do Ensino Médio destaco a seguir quatro delas: 1. Conhecimento 3.Repertório Cultural 5. Cultura Digital 6. Trabalho e Projeto de Vida.

1). Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

3). Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e participar de práticas diversificadas da produção artístico cultural.

5). Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6). Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

As competências gerais da BNCC previstas na nova versão da Base são consideradas fundamentais para os estudantes. Se é importante para os estudantes, os envolvidos no campo da educação, precisam estar atentos, estudar, analisar, refletir e colocar em prática nas escolas.

Mais um tema importante para o campo da educação é a formação de professores que atuam na educação básica. Nos artigos 62 e 63 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 9.394/1996, há a garantia da formação de professores em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação. Outro documento assegura que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior é a Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE).

Além dos documentos citados que buscam atender as demandas da sociedade atual, é preciso ir além. Se o objetivo, deste século, é a formação de cidadãos críticos, criativos, participativos e responsáveis, capazes de se comunicar, lidar com as próprias emoções e propor soluções para problemas e desafios, todos que atuam na educação precisam se atualizar.

Assim como a BNCC propõe as competências para desenvolver capacidades diversas em estudantes da educação básica, os profissionais da educação precisam entrar no mesmo movimento. Precisam de cursos atualizados, da graduação (licenciaturas) ao doutorado e formação continuada. Para que isso aconteça os professores precisam ser valorizados e motivados a buscar o autodesenvolvimento profissional.

quarta-feira, 30 de março de 2022

GRATIDÃO (30.09.2021)



Ao Hospital Regional de Araranguá e em especial à equipe da UTI Covid

Nossa imensa e eterna gratidão por cuidarem da paciente Raquel Marmentini. Gratidão aos médicos (as), em especial Dra. Marcela, Dra. Maria Luiza, Dr. Vitor e Dr. Alexandre, que conduziram com excelência o tratamento para que ela vencesse o vírus da covid-19. Gratidão aos enfermeiros (as) e Técnicos (as) de Enfermagem, em especial a querida Gisele, que, com tanto carinho, cuidaram dela 24h por dia. Gratidão aos fisioterapeutas que, com as sessões de fisioterapia respiratória, devolveram o ar ao pulmão da Raquel. Tenham certeza que todos foram essenciais em sua recuperação. Gratidão a todos os profissionais que exercem sua profissão com amor, pois isso faz a diferença.

Nós ficamos tranquilos em deixar ela nas mãos de uma equipe tão competente. E estamos muito felizes em ve-la recuperada. Mais uma vez, muito obrigada a todos que fizeram isso acontecer! Que Deus, na sua infinita bondade, abençoe a vida de cada um e lhes dê em dobro tudo que fizeram para salvar a vida da nossa querida Raquel Marmentini.

No dia 08 de setembro, depois de 39 dias internada na UTI Covid, ela teve alta e foi encaminhada para um quarto na clínica cirúrgica. Ali pode contar com o atendimento de excelência de toda equipe. Dr. Bruno, fisioterapeutas, fonoaudióloga, enfermeiras, técnicas de enfermagem, camareiras, higienização, sempre tratando com muito carinho, não só a paciente Raquel, mas os familiares acompanhantes. Eterna Gratidão.

Só gratidão ao hospital Regional de Araranguá e toda equipe, desde a portaria até a UTI Covid de onde Raquel Marmentini saiu, no dia 22 de setembro, depois de 52 dias internada, para voltar ao seio da família e continuar a sua vida tão preciosa para Deus.



quarta-feira, 2 de março de 2022

CULTURA E SOCIEDADE. (27.07.2021)

         Considerando que a sociedade humana é constituída de pessoas; e que a cultura se manifesta pelo comportamento das pessoas, pode-se então, entender que a cultura se modifica pelo acréscimo de invenções e com a alteração ou substituição de métodos antigos. A cultura individual se modifica e cresce pela aceitação de invenções criadas pelos membros de sua própria sociedade ou pela aceitação de novos métodos inventados em outra parte e levados à atenção de seus membros através da difusão e do empréstimo de ideias e comportamentos. “O ser humano é um animal que cria a cultura e está preso a uma cultura”. (HOEBEL e FROST, 1976, p. 4).

A antropologia está em todos os campos possíveis do conhecimento, onde se inspira. Tem em seu desenvolvimento um conceito de cultura: “Cultura é o sistema integrado de padrões de comportamento aprendidos de uma sociedade e não o resultado de uma herança biológica” (HOEBEL e FROST, 1976, p. 4).

Na transferência cultural, uma característica ou complexo serão avaliados e rejeitados, ou aceitos ou modificados em termos da significação que têm para o povo que os recebe. Traços que têm significação positiva numa cultura podem ser bloqueados na sua difusão, porque suas formas ficam associadas com usos, significações ou funções de conotação negativa nas culturas em que vivem os potenciais receptores. Os preconceitos preexistentes dos membros de uma sociedade receptora facilitam ou bloqueiam a aceitação ou o empréstimo de uma nova possibilidade cultural. Uma coisa ou uma ideia podem ser vistas ou encontradas e, contudo, não serem percebidas, adaptadas ou mesmo desejadas. Podem não satisfazer a necessidade de um povo; ou a sua utilidade não é percebida por ele; não lhe dizem nada pois seu interesse está em outras coisas, em outras ideias.

Aculturação é quando uma sociedade empreende uma mudança cultural drástica sob a influência de uma cultura e de uma sociedade dominantes com as quais ela entra em contato. Na sociedade em que ocorre a aculturação, mesmo modificada, fica, contudo, a sua identidade discreta. Aculturação diferencial é um desvio das normas consuetudinárias anteriores e ocorre primeiro no comportamento individual. Estas mudanças podem ser recebidas com entusiasmo, desprezando, desaprovando, tacitamente, ou sancionando levianamente, ou rejeitando inteiramente. De qualquer maneira nunca acontece instantaneamente em nenhuma sociedade. “Os membros de uma sociedade nunca exibem todos os comportamentos dos quais [...] os seres humanos são capazes.” ((HOEBEL e FROST, 1976, p. 19). O comércio e a aliança são os maiores difusores das mudanças culturais.

Quando um sistema de valores está muito desarticulado, fora da realidade do momento, pode ocorrer uma crise cultural, gerando assim movimentos reativos. As revoluções culturais se estendem através dos séculos e décadas. Elas são o produto crescente da mudança cultural que orientou tecnologias de sociedades numa determinada direção que dificilmente pode ser percebida enquanto a mudança está sendo operada.

Na história da cultura humana vê-se que a primeira mudança revolucionária foi o desenvolvimento da cultura paleolítica, quando os seres humanos aprenderam a fabricar instrumentos, controlaram o uso do fogo e desenvolveram a fala juntamente com a crença e os sistemas simbólicos, organizando novos padrões de vida social. A segunda revolução cultural dessa espécie foi iniciada na Idade Mesolítica, quando a humanidade abandonou a caça, a colheita, pela forragem intensiva. Foi estabelecida na revolução urbana neolítica e no surgimento da civilização.

Está atualmente sendo concluída à medida que os últimos povos primitivos do globo estão sendo levados para a rede cultural da civilização, exatamente quando a própria civilização está concluindo o seu curso. Com efeito, a civilização – como uma fase da evolução cultural – está em processo de ser substituída por novas formas de culturas que expressem a recém-nascida Idade Espacial Atômica.

              E qual é a importância da cultura da informação?

A visão dos fatos e do mundo, trazidos até nós através da cultura, estão diretamente ligados aos processos de transformação político-social do século XX. Para entendê-la melhor, se faz uma breve retrospectiva de como foram registradas as primeiras informações e sua evolução ao longo do tempo.

Cultura - sociedade - relações de dominação. (20.07.2021)

             A cultura em nossa sociedade não é imune às relações de dominação que a caracterizam. Mas é ingênuo pensar que se a cultura comum é usada para fortalecer os interesses das classes dominantes, ela deve ser por isso jogada fora. O que interessa é que a sociedade se democratize e que a opressão política, econômica e cultural seja eliminada. A cultura é um aspecto de nossa realidade e sua transformação, ao mesmo tempo a expressa e a modifica.

É por isso que as lutas pela universalização dos benefícios da cultura são ao mesmo tempo lutas contra as relações de dominação entre as sociedades contemporâneas; e contra as desigualdades básicas das relações sociais no interior das sociedades. São lutas pela transformação da cultura; elas se dão no contexto das muitas sociedades existentes, as quais estão cada vez mais interligadas pelos processos históricos que se vivencia. Cultura é, pois, o legado comum de toda a humanidade.              

Por que o homem adquiriu este processo extrassomático que o diferencia de todos os outros animais? O homem foi o único ser que produziu cultura, a partir de sua evolução primata?  Esta diferenciação está comprovada através da elaboração do seu sistema nervoso, do cérebro em particular, os quais podem além de ver, cheirar e agir, podem representar uma vasta escala de experiências. Podem falar, ler e pensar, e comunicar-se através de representações simbólicas, que se pode chamar de conceitos ou pensamentos expressos por gestos, palavras, dança e arte.

Para alguns pensadores católicos o homem adquiriu cultura quando recebeu do Criador uma alma imortal. E esta só foi atribuída ao primata quando a Divindade considerou que o corpo dele estava pronto para receber uma alma e consequentemente a cultura. A partir destas teorias, o maior desafio dos antropólogos atuais é reconstruir o conceito de cultura, que passa por “um sistema de conhecimento”, “um sistema simbólico que é uma criação acumulativa da mente humana”, “o pensamento humano está submetido a regras inconscientes, ou seja, um conjunto de princípios que controlam as manifestações empíricas de um determinado grupo”, “um conjunto de mecanismos de controle, planos, receitas, regras, instruções para governar o comportamento.”

Ao estudar antropologicamente a cultura, volta-se ao movimento e à adaptação. Os antropólogos atuais, depois de examinar e avaliar umas quinhentas formulações e empregos do conceito, deram a seguinte definição:

A cultura consiste em padrões, explícitos e implícitos, de comportamento e para comportamento, adquiridos e transmitidos por símbolos, que constituem as realizações distintivas dos grupos humanos, inclusive suas incorporações em artefatos; o núcleo essencial da cultura consiste nas ideias tradicionais (isto é, recebidas e selecionadas historicamente) e especialmente nos valores que se lhes atribuem; por outro lado. Os sistemas de cultura podem ser considerados como produtos de ação e como elementos condicionantes de ação futura (KROEBER e KLUCKHOHN apud HOEBEL e FROST, 1976 p.4).

Apesar de reconhecer que os hábitos e costumes são repassados de pais para filhos, netos, bisnetos, não se pode incorrer no erro de acreditar que estes mesmos hábitos e costumes não sofrem modificações, influenciados pela dinâmica dos tempos. Uma definição exata sobre o que é cultura significa a compreensão da própria natureza humana – um tema sempre presente nas reflexões. Pode-se entender, então, que o conceito de cultura pode ser abstrato, pois por mais que antropólogos e estudiosos do assunto tentem conceituá-lo, nenhum encontra a maneira mais adequada de expressar este conhecimento através da ótica material, concreta.

Mas... e se, conforme alguns antropólogos, o equipamento fisiológico humano desenvolveu simultaneamente com a cultura, de que maneira prática pode-se comprovar isso? Confúcio, quatro séculos antes de Cristo já enunciava o seguinte: “a natureza do homem é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados”. Já o antropólogo James Clifford afirmou que, no final do século XX “a análise cultural organiza seus objetos – sociedades, tradições, comunidades, identidades, em termos espaciais” (CLIFFORD apud MCDOWELL,1995 p.182).

Se a sociedade humana é constituída de pessoas; e a cultura é constituída do comportamento das pessoas, pode-se dizer que a pessoa pertence a uma sociedade, mas seria errôneo afirmar que a pessoa pertence a uma cultura; então o indivíduo manifesta a cultura da sociedade.

 

 

O QUE É CULTURA? (13.07.2021)

 Esse texto vem do meu trabalho de conclusão de curso da graduação em geografia. O trabalho de pesquisa que desenvolvi foi relacionado à geografia cultural na educação básica. Para tal, escolhi iniciar o estudo buscando os conceitos de cultura. O que é cultura?

Cultura é uma palavra de origem latina, seu significado está ligado às atividades agrícolas e vem do verbo latino “colere”, que significa cultivar.

Uma preocupação da cultura é entender os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos e suas perspectivas de futuro. Como registra a história, são muitas as transformações em relação à cultura, pois expressam diferentes tempos e espaços, portanto, contextos diferenciados.

Assim, cultura diz respeito à humanidade como um todo, e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades, e grupos humanos. De fato, entender isso é uma preocupação importante da conquista contemporânea.

As diferentes formas de organização familiar, por exemplo, ou as maneiras de habitar, de se vestir ou de utilizar os produtos do trabalho não são em vão. Assim, cada cultura é o resultado de uma história particular, e isso inclui também suas relações com outras culturas, as quais podem ter características bem diferentes.

A diversidade das culturas existentes acompanha a variedade da história humana, expressa as possibilidades de vida social organizada e registra graus e formas diferentes de domínio humano sobre a natureza.

Não há superioridade ou inferioridade de culturas ou traços culturais de modo absoluto, não há nenhuma lei natural que diga que as características as façam superior a outras culturas. Existem, no entanto, processos históricos que as relacionam e estabelecem marcas verdadeiras e concretas entre elas.

As culturas e sociedades humanas se relacionam de modo desigual. As relações internacionais registram desigualdades de poder em todos os sentidos, as quais hierarquizam de fato os povos e nações. É necessário reconhecer a cultura predominante e buscar sua continuidade ou não. Se se pensa, por exemplo, na sociedade brasileira ver-se-á que ela tem traços culturais únicos e próprios, originários de sua forma de agir e pensar, dos costumes e tradições do seu povo, como o carnaval, o futebol, a forma de vestir, o gosto musical, a alegria... Esses traços têm relação com as classes e grupos sociais, com a região, com a população, com a idade, com o grau de escolarização; todos esses aspectos refletem o quadro cultural do Brasil.

A cultura envolve basicamente duas concepções: a primeira remete a todos os aspectos de uma realidade social, sua história; a segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às ideias e crenças de um povo, manifestações culturais e artísticas.

Cultura envolve um conceito amplo e global das sociedades, enfatizando relações miúdas de significado; assim só se entende a importância das brincadeiras infantis, por exemplo, estudando toda formação cultural que se dá às crianças e localizando-as dentro desta. Precisamos, portanto, considerar que a própria cultura é um motivo de conflitos de interesses nas sociedades contemporâneas, um conflito pela sua definição, pelo seu controle, pelos benefícios que pode assegurar.

Cultura, portanto, é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade. Não diz respeito apenas a um conjunto de práticas e concepções, como, por exemplo, poder-se-ia dizer da arte. Não é apenas uma parte da vida social, como se poderia falar da religião. Não se pode dizer que cultura seja algo independente da vida social, algo que nada tem a ver com a realidade onde exista. Cultura, assim, envolve todos os aspectos da vida social, e não se pode dizer que ela existe em alguns contextos e não em outros.

  Segundo  os autores HOEBEL e FROST (1976 p.21), a ciência moderna considera, em muitos campos, que o todo, não é meramente a soma de todas as suas partes, mas o resultado de um arranjo único e de uma inter-relação das partes, o que constitui uma nova entidade.

Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, ou como dimensão do processo social. Cultura não é um processo natural e biológico, é um produto coletivo da vida humana, que tem como objetivo impulsionar a vida das sociedades em favor do progresso social e da liberdade, em favor da luta contra a exploração de uma parte da sociedade por outra, em favor da superação da opressão e da desigualdade.

A cultura em nossa sociedade não é imune às relações de dominação que a caracterizam. Mas é ingênuo pensar que se a cultura comum é usada para fortalecer os interesses das classes dominantes, ela deve ser por isso jogada fora. O que interessa é que a sociedade se democratize e que a opressão política, econômica e cultural seja eliminada. A cultura é um aspecto de nossa realidade e sua transformação, ao mesmo tempo a expressa e a modifica.

É por isso que as lutas pela universalização dos benefícios da cultura são ao mesmo tempo lutas contra as relações de dominação entre as sociedades contemporâneas; e contra as desigualdades básicas das relações sociais no interior das sociedades. São lutas pela transformação da cultura; elas se dão no contexto das muitas sociedades existentes, as quais estão cada vez mais interligadas pelos processos históricos que se vivencia. Cultura é, pois, o legado comum de toda a humanidade. Por que o homem adquiriu este processo extrassomático que o diferencia de todos os outros animais? O homem foi o único ser que produziu cultura, a partir de sua evolução primata?  Esta diferenciação está comprovada através da elaboração do seu sistema nervoso, do cérebro em particular, os quais podem além de ver, cheirar e agir, podem representar uma vasta escala de experiências. Podem falar, ler e pensar, e comunicar-se através de representações simbólicas, que se pode chamar de conceitos ou pensamentos expressos por gestos, palavras, dança e arte.

Para alguns pensadores católicos o homem adquiriu cultura quando recebeu do Criador uma alma imortal. E esta só foi atribuída ao primata quando a Divindade considerou que o corpo dele estava pronto para receber uma alma e consequentemente a cultura. A partir destas teorias, o maior desafio dos antropólogos atuais é reconstruir o conceito de cultura, que passa por “um sistema de conhecimento”, “um sistema simbólico que é uma criação acumulativa da mente humana”, “o pensamento humano está submetido a regras inconscientes, ou seja, um conjunto de princípios que controlam as manifestações empíricas de um determinado grupo”, “um conjunto de mecanismos de controle, planos, receitas, regras, instruções para governar o comportamento.”

Ao estudar antropologicamente a cultura, volta-se ao movimento e à adaptação. Os antropólogos atuais, depois de examinar e avaliar umas quinhentas formulações e empregos do conceito, deram a seguinte definição:

 

A cultura consiste em padrões, explícitos e implícitos, de comportamento e para comportamento, adquiridos e transmitidos por símbolos, que constituem as realizações distintivas dos grupos humanos, inclusive suas incorporações em artefatos; o núcleo essencial da cultura consiste nas ideias tradicionais (isto é, recebidas e selecionadas historicamente) e especialmente nos valores que se lhes atribuem; por outro lado. Os sistemas de cultura podem ser considerados como produtos de ação e como elementos condicionantes de ação futura (KROEBER e KLUCKHOHN apud HOEBEL e FROST, 1976 p.4).

 

Apesar de reconhecer que os hábitos e costumes são repassados de pais para filhos, netos, bisnetos, não se pode incorrer no erro de acreditar que estes mesmos hábitos e costumes não sofrem modificações, influenciados pela dinâmica dos tempos. Uma definição exata sobre o que é cultura significa a compreensão da própria natureza humana – um tema sempre presente nas reflexões. Pode-se entender, então, que o conceito de cultura pode ser abstrato, pois por mais que antropólogos e estudiosos do assunto tentem conceituá-lo, nenhum encontra a maneira mais adequada de expressar este conhecimento através da ótica material, concreta.

Mas... e se, conforme alguns antropólogos, o equipamento fisiológico humano desenvolveu simultaneamente com a cultura, de que maneira prática pode-se comprovar isso? Confúcio, quatro séculos antes de Cristo já enunciava o seguinte: “a natureza do homem é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados”. Já o antropólogo James Clifford afirmou que, no final do século XX “a análise cultural organiza seus objetos – sociedades, tradições, comunidades, identidades, em termos espaciais” (CLIFFORD apud MCDOWELL,1995 p.182). Se a sociedade humana é constituída de pessoas; e a cultura é constituída do comportamento das pessoas, pode-se dizer que a pessoa pertence a uma sociedade, mas seria errôneo afirmar que a pessoa pertence a uma cultura; então o indivíduo manifesta a cultura da sociedade.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

A Vida por Berth Hellinger (15.06.2021)

                                                                                                                                                                “A A vida decepciona-o para você parar de viver com ilusões e ver a realidade.

A vida vai destruir todo o supérfluo, até que reste somente o importante.

A vida não te deixa em paz, para que deixe de culpar-se e aceite tudo como “É”.

A vida vai retirar o que você tem, até você parar de reclamar e começar agradecer.

A vida envia pessoas conflitantes para te curar e para que você deixe de olhar para fora e comece refletir o que você tem dentro.

A vida permite que você caia de novo e de novo, até que você decida aprender a lição.

A vida te tira do caminho e te apresenta encruzilhadas, até que você pare de querer controlar e você flua como um rio.

A vida coloca seus inimigos na estrada, até que você pare de “reagir”.

A vida te assusta e assusta quantas vezes for necessário, até que você perca o medo e recupere sua fé.

 A vida tira o seu amor verdadeiro, ele não concede ou permite, até que você pare de tentar comprá-lo.

 A vida te distância das pessoas que você ama, até entender que não somos esse corpo, mas a alma que ele contém.

A vida ri de você tantas vezes, até você parar de levar tudo tão a sério e rir de si mesmo.

A vida quebra você e quebra você em tantas partes quantas forem necessárias para a luz penetrar ali.

 A vida confronta você com rebeldes, até que você pare de tentar controlar.

A vida repete a mesma mensagem, mesmo com gritos e tapas, até você finalmente ouvir.

A vida envia raios e tempestades, então você acorda.

A vida o humilha e derrota de novo e de novo até que você decida deixar seu ego morrer.

A vida lhe nega bens e grandeza até que você pare de querer bens e grandeza e comece a servir.

A vida corta suas asas e poda suas raízes, até que você não precise de asas nem raízes, mas apenas desapareça nas formas e voe do Ser.

A vida lhe nega milagres, até que você entenda que tudo é um milagre.

A vida encurta seu tempo, então você se apressa para aprender a viver.

A vida te ridiculariza até você se tornar nada, até você se tornar ninguém, e então você se torna tudo.

 A vida não te dá o que você quer, mas o que você precisa para evoluir.

A vida te machuca, te machuca, te atormenta até que você solte seus caprichos e birras e aprecie a respiração.

A vida te esconde os tesouros até que você aprenda a sair para a vida e buscá-los.

A vida te nega Deus, até você vê-lo em todos e em tudo.

A vida te acorda, te poda, te quebra, te desaponta, te quebra novamente, até que só o AMOR permaneça em ti”.

 

Berth Hellinger


ALÉM DA MENTE PENSANTE. (15.06.2021)

         Em você, como em cada ser humano, existe uma dimensão de consciência bem mais profunda que o pensamento. É a essência de quem você é. Podemos chamá-la de presença, de percepção, de consciência livre de condicionamentos. Nos antigos ensinamentos religiosos, essa consciência é o Cristo interior ou a sua natureza do Buda.

Se você consegue RECONHECER, mesmo esporadicamente, que os pensamentos que passam por sua cabeça são meros pensamentos, se você consegue dar conta dos padrões que se repetem em suas reações mentais e emocionais, é sinal de que essa dimensão de consciência está emergindo.

Ela é o espaço interno em que o conteúdo de sua vida se desdobra. A corrente do pensamento tem uma enorme força que pode muito facilmente levar você de roldão. Cada pensamento tem a pretensão de ser extremamente importante. Cada pensamento quer sugar sua completa atenção. Não leve seus pensamentos a sério!

Com que facilidade as pessoas ficam aprisionadas nas armadilhas de seus pensamentos. Como a mente humana tem um imenso desejo de saber, de compreender e de controlar, ela confunde opiniões e pontos de vista com a verdade. Suas opiniões e pontos de vista não passam de um punhado de pensamentos.

Mas a realidade é outra coisa. Ela é um todo unificado em que todas as coisas se interligam e nada existe em si e por si. Pensar fragmenta a realidade, cortando-a em pequenos pedaços, em pequenos conceitos. A sabedoria não é um produto do pensamento. A sabedoria é um profundo conhecimento que vem do simples ato de dar total atenção a alguém ou a alguma coisa. A atenção é a inteligência primordial, a própria consciência. Ela dissolve as barreiras criadas pelo pensamento, levando-nos a reconhecer que nada existe em si e por si. A inteligência une a pessoa que percebe ao objeto percebido, num campo unificado de percepção. É a atenção que cura a separação.

Sempre que você mergulha em pensamentos compulsivos está impedindo o que existe. Você não quer estar onde está. Aqui. Agora. E qual a ilusão básica? É a identificação com o pensamento. DESPERTAR ESPIRITUALMENTE É DESPERTAR DO “SONHO DO PENSAMENTO”.

A mente funciona com “voracidade” e por isso está sempre querendo mais. Quando você se identifica com sua mente, fica facilmente entediado e ansioso. O Tédio demonstra que a mente deseja avidamente mais estímulo, mais o que pensar, e que essa fome não está sendo saciada.

Quando você fica entediado, pode querer satisfazer a fome da mente lendo uma revista, dando um telefonema, assistindo TV, navegando na NET – ou o que é bem comum – transferindo a sensação MENTAL DE CARÊNCIA e sua necessidade de QUERO MAIS para o corpo e se satisfazendo TEMPORARIAMENTE comendo mais.

A alternativa é aceitar o tédio e a ansiedade e observar como é sentir-se entediado e ansioso. À medida que você se dá conta dessa sensação, SURGE DE REPENTE UM ESPAÇO E UMA CALMA EM VOLTA DELA. Primeiro é o pequeno espaço interno, mas, à medida que esse espaço aumenta, o tédio começa a diminuir de intensidade e de SIGNIFICADO. Dessa forma, até o tédio pode ensinar quem VOCÊ É E QUEM NÃO É.

Você descobre que não é uma pessoa entediada. O tédio é simplesmente um movimento de energia condicionada dentro de você. Da mesma forma, você não é uma pessoa irritada, rancorosa, triste ou medrosa. O tédio, a raiva, a tristeza e o medo não são seus, não fazem parte da sua pessoa. Eles são estados da MENTE HUMANA. E, por isso, vão e voltam.

NADA DAQUILO QUE VAI E VOLTA É VOCÊ!!!! Qualquer tipo de preconceito mostra que você está identificado com a mente pensante. Mostra que você não está vendo o outro ser humano, está vendo apenas seu conceito sobre aquele ser humano. REDUZIR UMA PESSOA A UM CONCEITO JÁ É UMA FORMA DE VIOLÊNCIA.

 O próximo passo na evolução humana é transcender o pensamento. Hoje é a nossa tarefa mais premente. Isso não significa que não devemos mais pensar, simplesmente que não devemos nos identificar com o pensamento nem sermos dominados por ele. Existe uma energia vital que você pode sentir em todo o seu ser, independente dos seus pensamentos. Nesse estado de consciência, se você precisar usar a mente para algum fim específico, ela estará presente. E a mente funciona muito bem quando a inteligência maior QUE É VOCÊ SE EXPRESSA através dela.

Talvez você não tenha se dado conta, mas aqueles breves períodos em que fica CONSCIENTE SEM PENSAR já estão ocorrendo natural e espontaneamente em sua vida. Você pode estar olhando o céu ou alguém falar, sem fazer qualquer comentário mental, o pensamento se interrompe e é substituída por um estado de alerta. Suas percepções se tornam transparentes, sem qualquer pensamento para toldá-las.

MESMO QUE VOCÊ NÃO PERCEBA, A VERDADE É QUE ESSA COISA É A COISA MAIS IMPORTANTE QUE PODE ACONTECER A VOCÊ. É O COMEÇO DO PROCESSO DE MUDANÇA, DO PENSAR PARA O ESTAR PRESENTE, ALERTA E ATENTO. Sinta-se à vontade com o “não saber”. Isso leva você para além da mente, pois ela está sempre querendo tirar conclusões e interpretar. A mente teme não saber. Assim, quando consegue ficar à vontade com o “não saber”, você já foi além da mente.

Um conhecimento mais profundo que não é baseado em qualquer conceito vai emergir desse estado. Enfrentar uma situação de perigo pode causar uma interrupção temporária da corrente de pensamento e assim nos dar uma percepção do que é estar presente, alerta, atento.

Quando há um domínio completo da criação artística, da dança, do ensino, do aconselhamento, é sinal de que a mente pensante não está mais envolvida ou, no mínimo, está em segundo plano. Nessas áreas predominam uma força e uma inteligência que são maiores do que você e, ao mesmo tempo, fazem parte de você.

Não existe mais um processo de decisão. As ações corretas acontecem espontaneamente, e não é “você” quem as faz. Ter o domínio completo da vida é o contrário de controlá-la. Você entra em sintonia com a consciência maior. É ela quem age, fala e faz o que é necessário.

 

Do livro “O PODER DO SILÊNCIO” (De Eckhart Tolle, nascido na Alemanha, formou-se na Universidade de Londres, foi supervisor de pesquisas da Universidade de Cambridge. Aos 29 anos, uma grande mudança espiritual mudou sua vida.)

 


O GOSTO POR APRENDER E ENSINAR

                                                                                                    Os trabalhos apresentados na obra O gost...