Investigando o caminho do Eu mestre – Parte 2.
Alegrias, alegrias, alegrias... hoje eu sou mestre. Os desafios foram superados. Hoje posso escrever sem sentir dor. O que aconteceu? Foram os obstáculos que surgiram enquanto professora da educação básica estadual, que participou de um processo seletivo para se afastar das funções laborais e se dedicar aos estudos. Na verdade, ainda não sei como aconteceu. De uma hora para outra o setor responsável pelo recebimento e concessão do afastamento para cursar uma pós-graduação, também responsável pela emissão da portaria que autorizava o afastamento da escola, se deu conta que havia errado em conceder o afastamento.
Alegrias, alegrias, alegrias... hoje eu sou mestre. Os desafios foram superados. Hoje posso escrever sem sentir dor. O que aconteceu? Foram os obstáculos que surgiram enquanto professora da educação básica estadual, que participou de um processo seletivo para se afastar das funções laborais e se dedicar aos estudos. Na verdade, ainda não sei como aconteceu. De uma hora para outra o setor responsável pelo recebimento e concessão do afastamento para cursar uma pós-graduação, também responsável pela emissão da portaria que autorizava o afastamento da escola, se deu conta que havia errado em conceder o afastamento.
Hoje percebo que,
aquelas pessoas que trabalhavam no setor, ao se darem conta dos erros cometidos
precisavam resolver o problema. Para isso não interessava a forma como ocorreu
o fato, mas sim, resolver a situação sem se comprometer. O jeito mais fácil foi
colocar a culpa na servidora que foi afastada, com ameaças e sob justificativa
de que se não retornasse às atividades funcionais na escola isso poderia ser
caracterizado abandono de emprego e por consequência, exoneração do cargo.
Alguém imagina o que isso representou para uma pessoa que sempre teve conduta
ética?
Foram dias de
muito sofrimento. Dor por ter recebido a notícia daquela maneira. Dor por ter
que abandonar um projeto de estudos. Dor por ter que voltar para escola
desmoralizada. Raiva por ter acreditado nas informações repassadas. Desilusão
por estar vivendo uma situação daquelas, por ter acreditado nos discursos
inflamados por uma educação de qualidade e igualitária. Percebi que foi tudo
ilusão = “erro de
percepção ou de entendimento; engano dos sentidos ou da mente; interpretação
errônea, confusão de aparência com realidade, confusão de falso com verdadeiro”.
Ao receber a
notícia precisei de alguns dias para aceitar e me recompor. Nem conseguia ir
para a escola. Sentia dores de cabeça, dores no corpo. Cinco dias depois, enfim
consegui sair do estado de dor e comecei a trabalhar. Desde então passei a buscar
alternativas. Procurei conversar com pessoas via e-mail para reverter a
situação financeira. Além de voltar ao trabalho eu responderia um processo
administrativo para devolver o dinheiro que havia recebido nos dois meses e
meio que fiquei afastada. Nenhuma proposta foi aceita. Foi então que recebi uma
pastinha contendo o tal processo administrativo. Quando li o texto e os valores
que iriam me cobrar fiquei mais uma vez indignada. Não assinei. Argumentei que
os erros não foram meus, que eu busquei todas as informações e quem emitiu a
portaria deveria ter mais motivos para saber dos trâmites legais e assumir o
erro.
Outro motivo que
me deixou muito triste foi o fato de não receber nenhum afago das pessoas que
me conheciam e estiveram trabalhando comigo esses anos todos. Pelo contrário,
concordavam com as instâncias superiores dizendo que a culpa era minha.
Devolveram aquele processo escrito. Passaram alguns dias recebi um aviso do
correio para eu retirar uma correspondência. Para minha surpresa era um
comunicado da gerencia de educação sobre a devolução do dinheiro. Que a partir
do próximo mês estariam debitando os valores direto no meu contracheque.
As coisas que
estavam escritas naquela correspondência, no parecer do advogado, uma folha que
foi feito cópia, toda desbotada, serviram de subsídios para muitos e-mails com
o assinante daquele processo. Simplesmente desolador saber que num momento como
este ninguém se compromete e ninguém assume suas palavras e ações. O desfecho
foi deliberado. Diante de tamanha arbitrariedade não tive outra saída. No mês seguinte começaram os descontos no meu
salário. Só poderiam descontar o valor de 10% do meu vencimento. E isso está acontecendo
até hoje. Ainda não consegui devolver todo montante aos cofres públicos. O que pensar
sobre esse episódio? Uma bofetada na cara. Ainda mais, sendo de conhecimento geral
da nação, toda roubalheira e descaminhos do dinheiro público.
Foram dias de
muita tristeza. Foram vários sentimentos ao mesmo tempo. Mas nem por isso
desisti. Continuei no meu projeto de estudos. Fiz o processo seletivo para o
curso de mestrado, na mesma universidade que cursei um componente curricular
isolado. Fui aprovada e consegui uma bolsa de estudos, modalidade taxas. Eu não
precisava pagar a mensalidade. Fiquei isenta desta. Em contrapartida precisava
disponibilizar 20h, além das aulas presenciais. No primeiro semestre do curso
foi tudo lindo. Conseguia conciliar dar aula e assistir às aulas.
A máquina
administrativa pública agiu com rapidez e agilidade para cobrar da professora
que acreditava na educação. Quem ainda quer ser professor? Essa foi a reflexão
que deu origem ao primeiro artigo científico do curso de pós-graduação e que
foi apresentado no XII Congresso Nacional de Educação – Educere, com a temática: Formação de professores, complexidade e trabalho docente. Artigo completo
você encontra no link do evento: http://educere.pucpr.br/p1/anais.html?tipo=2&titulo=&edicao=5&autor=RAQUEL+MARMENTINI&area=54
ALEGRIAS... ALEGRIAS... ALEGRIAS... Eu superei todos os obstáculos HOJE EU SOU MESTRE EM EDUCAÇÃO!