segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Pureza e coerência


Cada um pode se engrandecer com humildade. Em vários momentos nos deparamos com atitudes de pessoas egoístas e orgulhosas. Não se pode mudar o outro. Podemos mudar a nós mesmos buscando pureza e coerência nas nossas vidas. Esse tema está no livro o Meta humano de Horácio Frazão. Vou reproduzir para oferecer ao leitor uma reflexão com base no que o autor expõe.
Exemplificando, o autor traz como uma das melhores referências, o laser, por ser uma luz pura, já que possui apenas uma única frequência. As luzes convencionais são compostas de várias frequências sendo emitidas ao mesmo tempo. Associa-se pureza à força: quanto mais puro, maior é a capacidade de afetar, ou de influenciar. Na física, dá-se outro nome para o laser: luz coerente ou luz de alta coerência. Quando se fala de luz coerente, trata-se de uma luz pura, que não tem variações em sua frequência, sendo, portanto, uma luz com alto poder de influência ou de efeito. Graças a essa coerência, um feixe de raio laser consegue, por exemplo, se deslocar por quilômetros e atravessar materiais praticamente impenetráveis. Esta palavra, coerência, é essencial para o processo do meta-humano.
Se transpuséssemos essa analogia para a escala humana, quanto maior a pureza (ou a coerência do ser), maior seria seu poder de alcance e de influência. Vamos aqui soltar e desvencilhar-se da ideia piegas e pueril da pureza associada à inocência – quando se fala de pureza, se pensa em criança, por conseguinte, ligando-a à noção de inocência, e não tem nada a ver uma coisa com a outra. Nocência é um termo que designa noção da realidade; logo, inocência vem de não se ter esta noção. Assim, uma criança pode ser inocente por ainda não ter noção de muitas coisas, e também pura por ainda não ter sido “contaminada” por tantas outras, mas o ser que eclodiu na pureza não é inocente, mas justamente o contrário, já que está imerso em consciência e lucidez.
Quando Jesus colocava: “Se você não for puro como esta criança, jamais entrará no reino dos céus”, as pessoas pensaram que ele estava falando de inocência, mas ele falava de coerência, da mesma propriedade de um laser. Então, pureza está relacionada com a sua disposição de não se misturar, no sentido de não assumir aquilo que não é parte do que você realmente é, não assumir o processo do outro, seus pensamentos, sonhos e medos, não assimilar absolutamente nada do que está fora.
            Vivemos muito no processo de assimilar, estamos o tempo todo assimilando, perdendo a pureza, a coerência. E é impressionante que, no momento em que você atinge a pureza, a sua consciência se transforma numa espécie de laser, fica altamente focalizada e com um alcance praticamente infinito, capaz, por exemplo, de colapsar a onda quase que instantaneamente.
Ser puro, portanto, está relacionado com perceber o outro, a realidade, mas não assumir aquilo dentro de você. Por não entenderem bem isso, alguns podem achar que é ser indiferente, alienado, mas na verdade é ser desidentificado. E esse processo começa por nos desidentificarmos com nós mesmos e, por consequência, com os outros e com as coisas. Os pensamentos estão lá, mas você não se mistura a eles, é como água e óleo, estão lado a lado, mas não se mesclam; você olha, lida e se relaciona com o outro, mas não se perde nele.
Quando você se desidentifica com sua própria mente, com seus próprios pensamentos, consequentemente não se identifica com mais ninguém, pois os outros são espelhos psíquicos; então, ao se desidentificar com sua mente, não há mais como se identificar com o que está fora.
É importante desenvolver, aos poucos, essa experiência do estado puro, sem, no entanto, entrar na indiferença. O limite entre elas é uma linha tênue. Pode acontecer de alguém acreditar realmente que despertou e se colocar como uma pessoa iluminada, mas o que houve foi que, por tanta ansiedade de querer despertar, ela praticamente provocou um processo de auto hipnose, onde dissociou a percepção do sentir como se o bloqueasse, o anestesiasse.
A sensação de falsa paz que ela tem é apenas a leitura de não ser capaz de sentir nada, e de julgar essa morbidez do sentir como paz. Ela congelou sua sensibilidade para se convencer de que está desperto. Há pessoas, até conhecidas, com um mundo de seguidores, que se colocam como iluminadas, mas ao olhar para a energia delas, vê-se que têm ainda aspectos emocionais básicos a serem resolvidos, estão longe de alguém amadurecido espiritualmente.

Nenhum comentário:

O GOSTO POR APRENDER E ENSINAR

                                                                                                    Os trabalhos apresentados na obra O gost...