domingo, 30 de setembro de 2018

“Quem quiser nascer tem que destruir um mundo”.

Seguindo na reflexão a partir da obra DEMIAN do cientista, poeta e ensaísta, Hermann Hesse, Filho de um pregador pietista estudou Latim e Teologia no seminário de Maulbrounner, do qual fugiu em 1891. Trabalhou como livreiro e antiquário, dedicando-se exclusivamente a literatura a partir de 1903. Entre seus títulos mais conhecidos estão O lobo da estepe, Demian e Sidarta. Foi laureado como Prêmio Nobel de Literatura em 1946, e morreu no dia 9 de agosto de 1962.
Um dos sentimentos arraigados por crenças adquiridas em nossa sociedade ocidental, cristã e capitalista é o medo subjetivo. Medo de não ser bem-sucedido no amor, medo da rejeição, medo do desemprego, medo do futuro.
Hesse escreveu que na p.54 que “não se deve temer a ninguém. Quando temos medo de alguém é porque demos a esse alguém algum poder sobre nós. Por exemplo: fazer alguma coisa errada e outro saber, este outro passa a ter poder sobre mim. Sentir medo de alguém que provavelmente compartilha algum segredo que lhe pesa gravemente”. Por muito tempo muitos segredos foram escondidos, limitando o acesso às grandes leis universais. Os guardiões dos segredos da humanidade guardaram para si, por que?
Hesse p. 66, se refere aos momentos difíceis dos homens ao avançar a própria vida e o mundo em derredor, sendo que o ponto mais duro, é conquistar o caminho que conduz à frente. São muitos os que unicamente passam na vida por um morrer e renascer que é o nosso destino, quando tudo o que chegamos a amar quer nos abandonar e sentimos de repente em nós a solidão, o frio mortal dos espaços infinitos. E há muitos também que se embaraçam para sempre nessas escolhas e permanecem à vida toda agarrados a um passado sem retorno, ao sonho perdido, o pior e o mais assassino de todos os sonhos. 
“A ave saí do ovo. O ovo é o mundo. Quem quiser nascer tem que destruir um mundo. A ave voa para Deus. E o Deus é abraxas.” (p.112). “Quanto às doutrinas daquelas seitas e comunidades místicas da antiguidade, não devemos supô-las tão simples e ingênuas quanto nos parecem do ponto de vista estritamente nacionalista. A antiguidade não possuía uma ciência em nosso sentido atual, mas por sua vez estruturaria uma profunda elaboração mental de toda uma série de verdades filosóficas e místicas”. (p.118)
“Os segredos foram revelados pois todo o patrimônio humano da humanidade consistia, até agora em ideais extraídos de sonhos da alma inconsciente, de sonhos de que a humanidade seguia tateando os vislumbres de suas possibilidades futuras”. (p.167) “Todos os homens que influíram na marcha da humanidade, todos eles, sem exceção ou diferença, puderam fazer porque estavam prontos para o destino. Ninguém pode escolher a onda a que obedecerá nem o polo pelo qual será atraído. Essas coisas devem ser consideradas sempre do ponto de vista biológico e evolutivo”. (p.169)
E fazendo uma sequência na reflexão, que para minha lógica é coerente quando tratamos do medo, na p.170 o autor destaca: “Você não deve entregar-se a desejos nos quais não acredita. Tem que abandonar esses desejos ou desejá-los de verdade e totalmente. Quando chegar a pedir tudo em si à plena segurança de alcançar seu desejo, a demanda e a satisfação coincidirão no mesmo instante”. E quanto ao amor, não se deve pedir nem exigir, há de ter força em si, de chegar a si mesmo à certeza, e passar a atrair em vez de ser atraído.
“Cada um de nós é um ser total do mundo, e da mesma, forma como o corpo integra toda a trajetória da evolução, levamos em nossa alma tudo o quanto desde o princípio está vivendo na alma dos homens. Todos os Deuses e todos os demônios que já existiram, todos estão conosco, todos estão presentes como possibilidades desejos ou caminhos”. (p.185).
Para compreender o espirito do seu tempo, pode se perceber Hesse no texto da contracapa: “Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que o meu sangue murmura em mim. Não é agradável a minha história, não é suave e harmoniosa como as histórias inventadas; sabe a insensatez e a confusão, a loucura e sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mais mentir para si mesmos”.

O GOSTO POR APRENDER E ENSINAR

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