Seguindo na reflexão a partir da obra DEMIAN do
cientista, poeta e ensaísta, Hermann Hesse, Filho de um pregador pietista
estudou Latim e Teologia no seminário de Maulbrounner, do qual fugiu em 1891.
Trabalhou como livreiro e antiquário, dedicando-se exclusivamente a literatura
a partir de 1903. Entre seus títulos mais conhecidos estão O lobo da estepe,
Demian e Sidarta. Foi laureado como Prêmio Nobel de Literatura em 1946, e
morreu no dia 9 de agosto de 1962.
Um dos sentimentos
arraigados por crenças adquiridas em nossa sociedade ocidental, cristã e
capitalista é o medo subjetivo. Medo de não ser bem-sucedido no amor, medo da
rejeição, medo do desemprego, medo do futuro.
Hesse escreveu que na
p.54 que “não se deve temer a ninguém. Quando temos medo de alguém é porque
demos a esse alguém algum poder sobre nós. Por exemplo: fazer alguma coisa
errada e outro saber, este outro passa a ter poder sobre mim. Sentir medo de
alguém que provavelmente compartilha algum segredo que lhe pesa gravemente”.
Por muito tempo muitos segredos foram escondidos, limitando o acesso às grandes
leis universais. Os guardiões dos segredos da humanidade guardaram para si, por
que?
Hesse p. 66, se refere
aos momentos difíceis dos homens ao avançar a própria vida e o mundo em
derredor, sendo que o ponto mais duro, é conquistar o caminho que conduz à frente.
São muitos os que unicamente passam na vida por um morrer e renascer que é o
nosso destino, quando tudo o que chegamos a amar quer nos abandonar e sentimos
de repente em nós a solidão, o frio mortal dos espaços infinitos. E há muitos
também que se embaraçam para sempre nessas escolhas e permanecem à vida toda
agarrados a um passado sem retorno, ao sonho perdido, o pior e o mais assassino
de todos os sonhos.
“A ave saí do ovo. O
ovo é o mundo. Quem quiser nascer tem que destruir um mundo. A ave voa para
Deus. E o Deus é abraxas.” (p.112). “Quanto
às doutrinas daquelas seitas e comunidades místicas da antiguidade, não devemos
supô-las tão simples e ingênuas quanto nos parecem do ponto de vista
estritamente nacionalista. A antiguidade não possuía uma ciência em nosso
sentido atual, mas por sua vez estruturaria uma profunda elaboração mental de
toda uma série de verdades filosóficas e místicas”. (p.118)
“Os segredos foram
revelados pois todo o patrimônio humano da humanidade consistia, até agora em
ideais extraídos de sonhos da alma inconsciente, de sonhos de que a humanidade
seguia tateando os vislumbres de suas possibilidades futuras”. (p.167) “Todos
os homens que influíram na marcha da humanidade, todos eles, sem exceção ou
diferença, puderam fazer porque estavam prontos para o destino. Ninguém pode
escolher a onda a que obedecerá nem o polo pelo qual será atraído. Essas coisas
devem ser consideradas sempre do ponto de vista biológico e evolutivo”. (p.169)
E fazendo uma sequência
na reflexão, que para minha lógica é coerente quando tratamos do medo, na p.170
o autor destaca: “Você não deve entregar-se a desejos nos quais não acredita.
Tem que abandonar esses desejos ou desejá-los de verdade e totalmente. Quando
chegar a pedir tudo em si à plena segurança de alcançar seu desejo, a demanda e
a satisfação coincidirão no mesmo instante”. E quanto ao amor, não se deve
pedir nem exigir, há de ter força em si, de chegar a si mesmo à certeza, e
passar a atrair em vez de ser atraído.
“Cada um de nós é um
ser total do mundo, e da mesma, forma como o corpo integra toda a trajetória da
evolução, levamos em nossa alma tudo o quanto desde o princípio está vivendo na
alma dos homens. Todos os Deuses e todos os demônios que já existiram, todos
estão conosco, todos estão presentes como possibilidades desejos ou caminhos”.
(p.185).
Para compreender o
espirito do seu tempo, pode se perceber Hesse no texto da contracapa: “Não
creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca, mas já
agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos
que o meu sangue murmura em
mim. Não é agradável a minha história, não é suave e
harmoniosa como as histórias inventadas; sabe a insensatez e a confusão, a
loucura e sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mais mentir
para si mesmos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário