Sendo professora na
rede pública estadual a minha intenção com essa reflexão é que os leitores
possam ter noção do que ocorre neste setor, bem como tornar público algumas
questões para o futuro governador de Santa Catarina, e toda sua equipe de
gestão. Imagino que a equipe gestora dos últimos anos da administração do nosso
Estado, plantou algumas sementes procurando melhorar a educação, priorizando a qualidade
em discursos propagados ao longo de tantos anos. São muitas vias desconexas.
Será que aconteceu a efetiva qualificação de professores e alunos da rede
pública?
O que aconteceu a partir da LEI COMPLEMENTAR
Nº 668, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2015 que dispõe sobre o Quadro de Pessoal do
Magistério Público Estadual, instituído pela Lei Complementar nº 1.139, de 1992?
Por exemplo, no que se refere a ascensão
funcional, (passagem do titular de cargo efetivo integrante do Quadro de
Pessoal do Magistério Público Estadual, estável, de um nível de habilitação
para outro superior). Em seu Art. 10, diz no § 2º que ocorrida a ascensão funcional, o
titular de cargo efetivo integrante do Quadro de Pessoal do Magistério Público
Estadual será transferido para o novo
nível, em referência de vencimento imediatamente superior.
Como interpretar esse texto? Qual
é o resultado do texto deste parágrafo?
O resultado significou um aumento de R$70,00 reais para aqueles professores que
se dedicaram a um curso de mestrado de no mínimo dois anos. Alguém acredita que
esse aumento é motivador? Será que os professores da rede que possuem carga
horária de 40h e complementam sua carga horária na rede municipal ou na rede
privada, possuem algum incentivo para continuar se aperfeiçoando?
Eu cursei mestrado em educação e pensei que melhoraria a minha situação
financeira... qual nada. O aumento que recebi foi de R$35,00, pois a minha
carga horária estava reduzida de 40h para 20h. Que bacana né! Sob o meu ponto
de vista, a partir de 2015 com a Lei 668, ao mesmo tempo que, os discursos dos
gestores sinalizavam para uma formação continuada para os professores,
retiraram dos mesmos a motivação, originando com isso, paralisação no quadro de
professores. Por isso tantas críticas aos gestores que propagam educação de
qualidade e criam leis que vão na contramão.
Desde 2015, as normativas que se seguiram obrigam professores a
completar sua carga horária em outras escolas, muitas em outras cidades,
distantes daquela que é lotado (a). Aqueles professores que não se submetem às regras,
sua carga horária seria reduzida. Isso foi o que aconteceu comigo. Sabem por
que eu não aceitei correr de uma escola para outra? Por que eu sempre prezei
por educação de qualidade, professor com carga horária de 60h não tem condições
de se dedicar a um planejamento adequado, não tem tempo de se dedicar a
pesquisa, criar novas formas de ensinar, buscar outros materiais e muito menos
tem condições de dar conta de tantos processos administrativos cobrados.
Pensei que depois de terminar o curso, com a quantidade de vagas
sobrando na rede, pois faltam professores em todas as disciplinas e em todas as
áreas, haveria possibilidade de aumentar a minha carga horária novamente.
Mas... de novo não havia a quantidade de aulas de geografia suficientes para
compor as 40h e nem outras disciplinas da área disponíveis na escola onde sou
lotada. Mesmo tendo mestrado em educação, preferiram dar as aulas da minha área
de ensino para outros professores Daí eu pergunto? De que maneira um professor
que busca aperfeiçoamento, estuda, pesquisa e desenvolve uma dissertação de
mais de 150 páginas pode se sentir valorizado no quadro do magistério? Bem,
nem tudo é demasiado desolador (risos) o prêmio de consolo foi o aumento da
carga horária de 20h para 30h.
Eu não sei qual será a estratégia do novo governo para o setor
educacional. No entanto, não adianta construir megaestruturas físicas em todo Estado,
tendo tanto espaço e tão poucos alunos. Não adianta ter escolas próximas
oferecendo um currículo igual, contratando ACTs e professores que correm de uma
cidade para outra para cumprir uma lei, mas que desqualificam a educação para
os alunos, uma vez que estão estressados, cansados, e cheios de formulários
para preencher e atividades extracurricular para cumprir.
A sociedade precisa saber e valorizar muito mais os professores. Tem
muito professor competente e dedicado que não é valorizado e se sente afrontado
em sua dignidade pela baixa remuneração e por tantos descaminhos burocráticos
dos que exercem funções em cargos comissionados. Esses tantos, com o mesmo
cargo de professor, possuem salários 3 vezes maior daqueles que estão
efetivamente fazendo a diferença nas salas de aula. E ainda se acham na
condição de dizer que a culpa é do professor.
PROFESSORES DE TODOS OS NÍVEIS DE ENSINO, PARABÉNS PELO SEU DIA! Que
saibamos nos valorizar e elevar nossa autoestima curando nossa alma e nos
fortalecendo no propósito de aprender e ensinar.
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