segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Educação em pauta: A escola ainda é uma instituição importante e fundamental?


Os que fazem parte da comunidade escolar, principalmente, professores, alunos e servidores em geral, participaram da escolha dos novos planos de gestão escolar para os próximos 4 anos. Por isso a “educação” foi pauta de muitas reuniões, debates, conversas e outras ações, nas comunidades escolares, do estado catarinense. A escola ainda é uma instituição importante e fundamental? Qual é o poder exercido pela comunidade escolar? Como somos vistos pela sociedade em geral? Gostam do que representamos? É com honestidade que os valores, simplicidade, muito trabalho, criatividade, comprometimento e amor são difundidos?
Para que os leitores tomem conhecimento, conforme o site da SED, é desde 2013 que  a Secretaria de Estado da Educação (SED) fortalece a gestão democrática e os processos de participação da comunidade escolar  e das instâncias colegiadas, instituindo a possibilidade da escolha do seu gestor por meio da análise de propostas de Plano de Gestão Escolar (PGE), apresentadas por profissionais da educação interessados em ocupar a função de Diretor de Unidade Escolar.
No PGE precisa constar as metas, os objetivos e as ações, que evidenciam o compromisso com o acesso, a permanência, a inclusão, o percurso formativo com êxito na aprendizagem, na perspectiva da formação integral do estudante da Educação Básica e Profissional. Além de representar ainda o compromisso da gestão com a comunidade escolar e com a SED.  É aplicada anualmente a Avaliação da Gestão Escolar, a partir de uma ferramenta processual que considera indicadores externos e internos que podem sinalizar à gestão escolar os avanços e dificuldades de um período.  Essa avaliação compõe uma análise dos resultados da SAGE-SC e um meio fundamental de (re)planejamento, tomada de decisão e gestão dos processos escolares, possibilitando intervenções pedagógicas comprometidas com a aprendizagem dos estudantes.
O primeiro edital lançado para eleições de PGE foi para o mandato de 4 anos a partir do ano 2015 que teve duração até 2019. Este ano o processo de escolha de Plano de Gestão Escolar, foi regulamentado pelo Decreto SC n° 194/2019, e pela Portaria N/1434/2019, e ocorreu em todas as Unidades Escolares da Rede Estadual de Ensino, exceto nas Escolas Indígenas, de Assentamento e no Instituto Estadual de Educação (IEE), pois possuem processo amparado por legislação específica. Divulgado no Diário Oficial – SC nº 21.074 de 08.08.2019 (QUINTA-FEIRA).
Todos proponentes que se inscreveram participaram do processo de “disputa” pelo cargo de diretor das escolas. Foi um processo demorado e cheio de cuidados com a documentação. Tudo deveria passar por comissões em todos os níveis, desde a escola até a SED. Todos que participaram do processo estavam bem orientados. Infelizmente alguns fatos nada agradáveis ocorreram neste período. Em se tratando de educação escolar, o espaço que deveria ser democrático e participativo, as atitudes de alguns andaram na contramão e provocaram conflitos e indisciplina. Esses foram os exemplos dados aos estudantes e futuros profissionais.  
Inserida na comunidade escolar de duas escolas e acompanhando notícias de outras escolas, os sentimentos foram muitos. Durante os dias que se deu a campanha nas escolas, observar as atitudes de alguns, causou certo desconforto, pois ficou claro que tais atitudes estão atreladas a uma prática política ultrapassa e obsoleta. Sinto muito, pois com tais fatos acontecendo como ensinar valores e honestidade?
Daí aquele conhecimento armazenado nos livros, e agora também, nos computadores, que deveria ser para expandir o universo além dos limites estreitos do pedaço de mundo em que muitos vivem, pouco tem valor e pouco importam nestes momentos. O que se aprende na teoria e o que é usado na retórica não se coloca em prática no espaço social da escola. Urge o entendimento de que o espaço escolar vai além do conhecimento, é um espaço de convivência, muitas vezes de refúgio, de silêncio e aceitação da diversidade de vidas que ali compartilham emoções.
Fazendo parte da comunidade escolar é possível aprender como as vidas podem ser diferentes, mesmo quando vividas lado a lado. E como é fácil se perder. Aprender como é difícil conhecer alguém, e como pouco importa, se o seu coração não estiver aberto às necessidades dessa pessoa. Não temos que entender, temos apenas que nos importar. É preciso que compartilhemos uma atitude, uma ética de trabalho, uma visão de mundo e um futuro. Desse modo as bençãos são as ligações profundas, e as amizades são o socorro do cotidiano.
É nesse espaço que aprendemos o significado de bondade, moralidade, trabalho nobre, força inesgotável, fidelidade aos seus valores e a si próprios. É neste lugar que podemos dizer uns aos outros: Encontre seu lugar. Seja feliz e agradecido com o que tem agora. Busque realizar seus sonhos. Trate bem a todos. Viva uma vida boa. É impossível prever, o amor transcende fronteiras. Não é o material que importa, é o amor, a alegria e a gratidão de poder compartilhar tudo o que somos.
            Eu os convido: vamos imaginar um mundo melhor começando em nossa casa para dar continuidade nas escolas. Vamos ensinar a ser feliz sem fazer coisas erradas que promovem desamor e conflitos. Vamos nos amar mais e nos importar com o que o outro vai receber estando ao nosso lado. Porque todos somos um e um somos nós!

Diante de tantos fatos acontecendo como ensinar valores e honestidade?




“A honestidade é mais do que não mentir. É contar a verdade, dizer a verdade, viver a verdade e amar a verdade.”
"A ação certa pelo motivo errado, ainda está errada. 

A ação errada pelo motivo certo, não é mais certa."



Encontrar alguém que responda essa pergunta, com tranquilidade, rapidez e sinceridade, não deve ser fácil. Ainda mais agora, diante de tantos acontecimentos nas mais altas referências jurídicas, políticas, econômicas e sociais. Nessas horas, oferecer momentos de comprovação da honestidade é até constrangedor para quem está no mesmo lugar. Pois também não temos a sorte de encontrar alguém com firmeza e certeza, de sua honestidade.
Que estranho isso, não é mesmo? Todos reconhecem a importância da honestidade, é unanimidade. Então podemos dizer que a sociedade tem consciência de que este valor humano é importante para que o nosso planeta seja melhor. Mas se quando forem questionadas sobre honestidade, as pessoas não se consideram totalmente honestas, podemos dizer que mesmo todos tentando fazer o seu melhor, ainda não conseguimos ser honestos o tempo todo.
A carência de honestidade está abalando as bases, as estruturas sociais. Ou será que as bases estão alterando o valor honestidade? Ninguém precisa dizer que precisamos ser honestos. Essa afirmativa é verdadeira ainda? Será que todos sabem que precisam ser honestos? Isso é inerente ao humano? Honestidade é um valor universal que ultrapassa fronteiras. Todos os povos, todas as culturas sabem da importância de pôr este valor em prática. Para que haja continuação da humanidade a honestidade é um dos princípios essenciais.
Os comportamentos humanos em um ambiente desonesto, onde há os querem levar vantagem para si próprios, resultam na degradação das relações humanas de todo um sistema social. Procurar por integridade e honestidade requer um olhar verdadeiro para si mesmo, com análise de atitudes e tomadas de decisão, para ver se podem ser melhoradas e aperfeiçoadas no dia a dia.
Temos que entender integridade e honestidade como valores a serem desenvolvidos no cotidiano, com total atenção aos próprios comportamentos e decisões. Por que ter uma atenção singular aos nossos valores? Porque é preciso ampliar a visão para que possamos ter a dimensão de como nossas decisões podem afetar o todo.
Cada qual passa por diversas experiências, umas são ótimas, muitas são boas outras nem tanto. São essas experiências, nos empregos e nos relacionamentos interpessoais, que constituem nossos valores morais e profissionais, e não podemos perdê-los, pelo contrário, a mais importante vitória é transformar esses valores em atitudes.
Precisamos acreditar no nosso trabalho de maneira correta e pelas razões certas, para sermos capazes de mudar o nosso “lugar” no mundo. Entender que as coisas podem ser tiradas de nós, mas que as “coisas” não importam. O que importa de verdade é a nossa fé, a nossa dignidade e a vontade de ser mais e melhor com capacidade de amar.
Então para que um dia seja possível nos declararmos honestos em alto e bom tom, com serenidade, vamos começar hoje mesmo a gerenciar os pensamentos e as atitudes. Vamos nos assegurar de que podemos melhorar a cada dia mais o nosso percentual de honestidade. Podemos assim estarmos mais conscientes de quem somos e de quem queremos ser, daqui a alguns anos.
Vamos assumir nossa missão e distribuir honestamente para o mundo sem prejudicar pessoas pelo caminho. Sejamos honestos e sinceros nas atitudes. Sejamos coerentes nos pensamentos, sentimentos e ações. Vamos assumir uma postura honesta perante a vida, perante a sociedade e com nosso planeta. Estejamos conscientes que há uma conexão maior, e que precisamos de senso ético, de justiça, de humanidade, e de amor ao próximo.
Sejamos honestos para atuar de forma a gerar melhorias e equidade em todos os sistemas que nos cercam. Sejamos honestos e nos coloquemos à disposição das necessidades individuais, e acima de tudo, à disposição das necessidades de preservação da nossa espécie humana.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Projeto de estudo multidisciplinar: desafio na escola.

Continuando com o tema abordado na semana anterior sobre o desafio do aprendizado multidisciplinar utilizando melhor o tempo e a criatividade de todos, compartilharei a experiência que está em andamento na escola em que atuo. 

Conforme o texto de Pedro Demo, “Educar pela pesquisa”, sabemos que “o simples fato de projetos gerarem necessidades de aprendizagem garante tal aprendizagem” portando os alunos precisam se aproximar dos “novos conteúdos”. Sabemos também que “a intervenção do professor é fundamental, no sentido de criar ações para que essa apropriação se faça de forma significativa.” Como diz Demo, “não basta a qualidade formal, marcada pela capacidade de inovar pelo conhecimento”, a oportunidade de aprender por meio da pesquisa, como base da educação escolar vai além de uma aula onde há apenas contato entre professor e aluno no ambiente físico ou de socialização. 

Ele segue argumentando que “é cada vez mais evidente a proximidade entre conhecer e intervir, porque conhecer é a forma mais competente de intervir, a pesquisa incorpora necessariamente a prática ao lado da teoria, assumindo marca política do início até o fim. A marca política não aparece apenas na presença inevitável da ideologia, mas, sobretudo no processo de formação do sujeito crítico e criativo, que encontra no conhecimento a arma mais potente de inovação, para fazer e se fazer oportunidade histórica através dele.” 

A partir do estudo realizado e da proposta no curso de formação continuada para professores, apresento o início do projeto multidisciplinar desenvolvido em serviço para dar conta da tarefa e para encarar esse desafio na escola. Esse projeto é desenvolvido na área das ciências humanas e suas tecnologias, na EEB Carlos Fries com turmas da segunda séries do ensino médio com as professoras de filosofia, sociologia, história e geografia. 

Este projeto de estudo tem como objetivo principal construir conhecimentos interligando as diversas áreas da aprendizagem e objetivos específicos: compreender as relações existentes entre as disciplinas das ciências humanas; oportunizar uma transformação na sala de aula voltando-se para investigação e pesquisa; superar a fragmentação existente entre as disciplinas e contribui para a formação global do educando; possibilitar aos alunos a aquisição dos saberes fundamentais, para desenvolver competências e habilidades, que os preparem para a nova realidade social e para o mercado de trabalho e proporcionar atividades que integrem as diversas disciplinas para que o aluno possa construir sua autonomia. 

Para dar início ao projeto foi importante uma conversa sobre a importância de realizar estudos de maneira multidisciplinar com professores da área, a partir do encontro no curso de formação, onde surgiram as primeiras ideias sobre qual temática escolher para este projeto. Logo após uma conversa informal com os alunos das segundas séries, no sentindo de motivar ao trabalho de pesquisa e sobre o tema previamente escolhido por nós professoras. Ao desenvolver esse diálogo com os alunos, nas aulas de geografia, e perceber que houve entusiasmo por parte deles quanto à temática principal “MULHER”. 

Após essa primeira explanação iniciamos o processo de formação dos grupos de trabalho, e as indicação dos caminhos para a pesquisa no google, delimitando um tema de estudo para cada grupo. Sugestão de busca: “As mulheres são mais”, ou, “As mulheres são menos”. Quando definirem qual segmento será pesquisado, para afunilar a pesquisa devem acrescentar uma palavra chave logo após o primeiro termo pesquisado. Exemplo: A mulher é mais + mercado de trabalho. 

Assim iniciamos o projeto de estudos multidisciplinar. Devido ao pouco tempo de encontro das professoras da área na escola, criamos um grupo no “whatsapp” para melhorar a comunicação entre nós professoras. Ali podemos informar as ações já desenvolvidas e propor novas. Já deixamos definidos que estes grupos de pesquisa vão desenvolver os trabalhos nos períodos de cada disciplina e que todas as professoras orientarão os grupos na produção escrita e áudio visual. Os subtemas abrangem conteúdos de todas as disciplinas da área, que terão duas produções para avaliar. 

Outra observação importante no desenrolar da proposta é a percepção positiva dos alunos quanto às descobertas realizadas sobre os temas escolhidos. Conforme os alunos acessam os conteúdos disponibilizados nos sites pesquisados, manifestam suas emoções na forma de exclamações, indignações e surpresas. 

Esse movimento inicial vai ao encontro do que diz Demo, “será mister desenvolver a face educativa da pesquisa, também para não restringir a momentos de acumulação de dados, leituras, materiais, experimentos, que não passam de insumos preliminares. A pesquisa inclui sempre a percepção emancipatória do sujeito que busca fazer e fazer-se oportunidade, à medida que começa e se reconstitui pelo questionamento sistemático da realidade. Incluindo a prática como componente necessário da teoria, e vice-versa, englobando a ética dos fins e valores.” 

Até o momento essas foram as etapas desenvolvidas e que estão de acordo com Demo, quando ele diz que “não é o professor quem planeja para os alunos executarem, ambos são parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel e nível de desenvolvimento.” Por isso ao se trabalhar com projetos educacionais, os diferentes estilos e ritmos de trabalho dos alunos, são respeitados, desde a etapa de planejamento, escolha do tema e respectiva problemática a ser investigada. 

Ao trabalharmos com um projeto como este é preciso planejamento onde toda equipe pedagógica, no caso nós professoras, estejamos realmente envolvidas, que nada seja por imposição, mas que seja motivado e direcionado ao interesse das turmas. Sendo assim a tendência é o sucesso. Certamente não é uma tarefa fácil e requer dedicação de todas as partes, pois isso significa romper com o paradigma do ensino fragmentado que divide o pensamento do conhecimento. A teoria e a prática precisam ser contíguas, e fluírem de modo recíproco, com foco no processo, e possíveis intervenções, além de uma avaliação sistemática e contínua.

Formação de professores: Educar pela pesquisa e a multidisciplinaridade.

O tema de estudo é educar pela pesquisa e o desafio é a multidisciplinaridade. Neste mês, para o curso de formação de professores*, utilizou-se um texto de Pedro Demo. Inicia com o seguinte: “Construir saberes: esse é o papel da escola. Vimos que esses saberes são múltiplos. Eles também são históricos, são dinâmicos.” Os saberes são múltiplos e a multidisciplinaridade ainda velada. Afirmo isso com base em minha experiência na educação básica. 

Pode ser diferente e é possível nas escolas catarinenses? Conforme a atual conjuntura das escolas onde atuo, tenho dúvidas. Em todos os momentos que se buscou fomentar a participação no planejamento pedagógico coletivo, o resultado não foi satisfatório. Cada um dos pares deve ter seus argumentos e seus motivos particulares, e o que se tem é um trabalho multidisciplinar inexistente. Cada um trabalha por si e dentro do seu quadrado. 

Dai a questão não é ser individualista ou egoísta, mas é o desafio que se impõe diante dos comportamentos adotados por todos professores que atuam nas salas de aulas. Qual é a consciência da categoria? Voltando para o texto de Demo: “Para os cientistas, que, como nós, são profissionais do conhecimento, a principal virtude é a capacidade de colocar todas as verdades em cheque, refazendo perguntas básicas. Perguntar, perguntar, perguntar.” 

Perguntar está relacionado à capacidade de investigação do professor e sobre ele ser um investigador permanente de sua área de conhecimento e de seu campo profissional. Segundo Demo, para que isso aconteça, o professor “deve ter tempos remunerados e espaços especiais para pesquisa” ao mesmo tempo que os “contratos de trabalho de professores devem prever, obrigatoriamente, tempo para pesquisa e aprimoramento profissional”. Com base nesse fragmento, quais são as experiências de quem atua na rede estadual de educação de Santa Catarina? 

Se levar em consideração a minha experiência pessoal, e talvez de muitos outros profissionais vinculados à rede, o que está escrito no texto é uma ótima reflexão porque mostra uma realidade que poderia ser, mas não é. A experiência vivenciada por muitos que buscaram o aprimoramento profissional encontraram pouco respaldo por parte da governança. O que está disposto no texto vai aquém e na contramão da realidade de muitos professores que ainda atuam na rede, pois não lhes oportunizam “tempo para pesquisa e aprimoramento profissional”, nem valorização e reconhecimento financeiro. 

Se “a principal virtude é a capacidade de colocar todas as verdades em cheque, refazendo perguntas básicas” muitas são as perguntas sem respostas até o momento de uma professora que sempre pergunta, pergunta, pergunta, pois “a pesquisa inclui a percepção emancipatória do sujeito que busca fazer e fazer-se oportunidade, à medida que começa e se reconstitui pelo questionamento sistemático da realidade.” 

A melhor proposta é que os professores atuem em sala de aula, sejam profissionais dos conteúdos, saibam dominar as inúmeras técnicas e sejam detentores desses procedimentos para que possam desenvolver as mesmas habilidades no estudante. De que maneiras imaginam que isso possa acontecer, se resta tão pouco tempo para o professor ser pesquisador, planejador e executor de todas essas práticas pedagógicas e ainda um monte de relatórios a serem preenchidos? 

Além disso, quais são os outros motivos de tão pouco tempo destinado ao planejamento e desenvolvimento de todas as atividades de pesquisa do professor? Vamos imaginar? Talvez seja pelo acúmulo de aulas (carga horária excedente) que o professor precisa abarcar para dar conta das responsabilidades financeiras (transporte, moradia, alimentação, saúde, lazer). Quais são as possibilidades reais de um planejamento multidisciplinar nas unidades escolares, visto que muitos professores mal se encontram durante a semana por dividirem sua carga horária em duas ou mais escolas das redes municiais e estaduais? Eis algumas questões para refletir! 

Dando sequência ao que foi abordado por Demo, quanto ao termo reconstrução o qual, segundo o autor, compreende a instrumentação mais competente da cidadania, que é o conhecimento inovador e sempre renovado, que oferece a base da consciência crítica e a alavanca da intervenção inovadora, sendo, portanto a formulação pessoal, elaboração trabalhada, saber pensar, aprender a aprender. Partindo desse pressuposto como desenvolver um projeto de estudos? 

O desenvolvimento de um projeto envolve um processo de pesquisa, construção, participação, cooperação e articulação, que propicia a superação de dicotomias estabelecidas pelo paradigma dominante da ciência e as inter-relaciona em uma totalidade provisória perpassada elas noções de valor humano, solidariedade, respeito mútuo, tolerância e formação da cidadania, que caracteriza o paradigma educacional emergente (Moraes, 1997) e que, sob o meu olhar, ainda está engatinhando no atual sistema de educação. 

A partir do estudo deste texto, após o terceiro encontro por área no curso de formação continuada*, mais uma atividade foi proposta para ser colocada em prática em serviço, conforme organização da quantidade de horas que compõe o curso em sua totalidade. Estão trazendo um formato novo e cada professor precisa dar conta da sua carga horária para certificação. Como os professores estão se engajando e se estruturando nesse novo momento? 

Eu abraço todas as causas que possam mostrar novos rumos para a sala de aula. O que está sendo proposto é uma oportunidade de aprender a trabalhar por área nas escolas. Já no dia seguinte, estava eu conversando com as colegas da área de ciências humanas para desenvolvermos um projeto de estudos com os alunos a partir da tempestade de ideias que fizemos no encontro presencial do curso. Que esse desafio seja uma experiência incrível e que possamos dar um salto para o aprendizado multidisciplinar utilizando melhor o tempo e a criatividade de todos. Compartilharei a experiência na próxima edição. 

* Formação Continuada – Ressignificando o Trabalho Educativo Escolar - 3º encontro – Tema central: PESQUISA ESCOLAR - Data – 08 de outubro de 2019, na UNC Concórdia. 

Um aplauso caloroso a todos os professores comprometidos com ensino de qualidade. Juntos somos mais. Um somos nós.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Ativismo quântico: Ciência e espiritualidade se aproximam. (parte 2)

Seguindo os estudos de Amit Goswami que busca explicar e conciliar ciência e espiritualidade é que Deus existe e a ciência está descobrindo evidências de sua existência. Para esse pós-doutor em física quântica, não se trata do conceito popular de Deus, o poderoso imperador em um trono no céu, a distribuir curas, perdões e castigos. O Deus a que ele se refere pode ser chamado de consciência quântica, mas há quem prefira campo quântico ou campo akáshico. No seu livro,"Deus não está morto" ele afirma que essa questão, até então não resolvida, agora há respaldo científico e pode ser demonstrada a partir da evidência de uma consciência maior, com poderes causais, ou seja, de intervenção, e um corpo sutil, não material. 

A fundamentação da existência divina está na física quântica, porém para a maioria é como ouvir grego e, demora a penetrar nas consciências. Na física quântica, os objetos não são coisas determinadas. São, na verdade, possibilidades dentre as quais a consciência quântica, Deus, escolhe uma. A escolha de Deus, então, transforma essa possibilidade quântica em evento real, experimentado por um observador. Segundo o autor, isso já foi comprovado por experimentos objetivos, tanto no mundo micro como no macro. 

Conforme o que diz no livro "Deus não está morto", o amor é uma das qualidades divinas e, assim, a maior evidência da existência de Deus. Para Goswami mundialmente conhecido ao expor suas ideias no filme What the bleep do we know? ou, Quem somos nós? - a hipótese quântica de Deus resolve de uma só vez todos os mistérios ainda não solucionados da biologia, como a origem da vida, a evolução, os sentimentos (como o amor) e a consciência. Além disso, coloca a ética e os valores em seu devido lugar: "no centro de nossas vidas e sociedades". 

Saindo da discussão que Amit promove no livro “Deus não está morto” para o que ele escreve no livro “O ativista quântico”, no que diz respeito à consciência como base de toda a existência, e onde os objetos materiais são possibilidades da consciência,Ele destaca que nessa ordem é possível perceber a natureza da causação descendente: ela consiste na escolha de uma das facetas do objeto multifacetado da onda de possibilidades, que então se manifesta como uma realidade. Como a consciência está escolhendo uma de suas próprias possibilidades, e não algo separado, não existe dualismo. 

Ele segue discorrendo que a física quântica pode ter um caráter preditivo e determinista para grande número de coisas. Já para eventos isolados e/ou objetos individuais há espaço para a liberdade de escolha e para a criatividade. Então ele questiona: Por que não podemos usar nossa liberdade de escolha para criar nossa própria realidade e fazer com que só aconteçam coisas boas? Como é possível não estarmos conscientes de que estamos fazendo escolhas da maneira como sugeri? Esta é a resposta crucial. O estado de consciência a partir do qual fazemos escolhas é um estado mais sutil, extraordinário, de uma consciência interconectada na qual somos todos um, uma consciência quântica “superior”. 

Ele explica que por isso, é apropriado chamar de descendente a causação dela proveniente, e de Deus a sua fonte. Veja, a unidade interconectada da consciência é aquela em que as conexões se dão sem sinal; o nome técnico para essas conexões sem sinal é não localidade quântica. Como você deve saber, na teoria da relatividade de Einstein todas as interações no espaço e no tempo devem ocorrer por meio de sinais. Assim, para usar as palavras do físico Henry Stapp, a causação descendente não local deve ocorrer “fora” do espaço e do tempo, embora seja capaz de produzir um efeito – a realidade – no espaço e no tempo. 

Se “Deus é tanto transcendente ao mundo como imanente a ele” essa era a maneira que os mestres espirituais tentavam mostrar que a elação entre Deus e o mundo não é dualista. E quando as pessoas leigas se queixavam da obscuridade dessa afirmação, eles diziam que Deus é inefável, o que só aumentava a dificuldade de compreensão. 

Com a nova ciência, a relação entre “Deus consciência” e a consciência comum do ego, é que na primeira a comunicação é sem sinal e é norma, e na segunda, as conexões e as comunicações usam os sinais. Ele segue esclarecendo que a existência de comunicações não locais entre pessoas foi confirmada e replicada em milhares de experimentos. Como as interações materiais nunca podem simular a não localidade, essa prova experimental da existência de Deus, visto como uma consciência superior, uma interconexão não local de todas as coisas, é definitiva. 

E finalmente entra na questão do livre arbítrio. Temos livre-arbítrio? Se somos capazes de acessar nossa consciência superior e fazer escolhas a partir dela, pode apostar que sim; temos a total liberdade de escolha dentre as possibilidades quânticas apresentadas em qualquer ocasião. Dispomos de livre-arbítrio para escolher o mundo, bem como Deus e a natureza divina, a criatividade e a transformação espiritual. 

Portanto, neste novo paradigma e visão de mundo, segundo Amit, a física quântica é a física das possibilidades, e sua mensagem incontroversa é que temos potencialmente a liberdade de escolher, dentre essas possibilidades, resultados que podem ser vivenciados. 

Vamos ampliar o horizonte da mente, derrubar as estacas, abrir as janelas da alma, expandir nossa percepção e descobrir outras formas de eliminar as crenças que nos limitaram e que determinaram as nossas escolhas e o nosso modo de viver e de ser si mesmo, com a confiança no Deus consciência que somos parte e somos todos um.

Ativismo quântico: Ciência e espiritualidade se aproximam.


Seguindo com o tema que abrange os novos paradigmas da ciência e com base no livro “Uma breve introdução ao ativismo quântico” de Amit Goswami no capítulo que ele argumenta sobre a aproximação da ciência e da espiritualidade e isso ocorre a partir da teoria científica da física quântica e no primado da consciência. Além da teoria apresenta também dados experimentais replicados apoiando essa teoria. 

Havia até pouco tempo uma fronteira da ciência onde a mídia ainda não alardeia pois “agora há uma ciência viável da espiritualidade prenunciando uma mudança de paradigma, a superação da atual visão de mundo que estimula exclusivamente a materialidade”. A essa nova ciência pode se dar o nome de “ciência de Deus” na qual existe “Deus como um imperador todo poderoso, fazendo julgamentos a torto e a direito; existe uma inteligência pervasiva que também é o agente criativo da consciência, e que você pode chamar de Deus, se quiser. Mas esse Deus é objetivo, é científico”.

Para saber o que fazer a respeito disso, os que estão ligados a esse novo momento da científico, recorreram ao ativismo a fim de chamar a atenção da mídia para o pensamento quântico e o primado da consciência; gerando apoio às novas pesquisas e conferir peso e reconhecimento ao novo paradigma em detrimento da ciência mecanicista tradicional.

Além do ativismo usaram o poder transformador da física quântica para a própria transformação e tornarem-se exemplos e arautos da mudança social. Por reconhecerem que a “atual estrutura social, dominada pelo materialismo, não favorece a iniciativa das pessoas comuns que desejam ter uma vida significativa, criativa e transformadora”, o ativismo passou a ser instrumento de mudança das instituições sociais, de maneira a permitir que todos possam realizar seu potencial humano e alcançar a felicidade, o que só é possível por meio de metas criativas e espirituais.”

Em seu ativismo, Amit Goswami, numa palestra aqui no Brasil sentiu-se desafiado por um participante quando ele questionou sobre as novas interpretações que integram ciência e espiritualidade para além da teoria. Quando é que vocês vão nos apresentar comprovações ou dados? E sua resposta foi: “Na verdade, fizemos nosso trabalho. As evidências científicas da espiritualidade, incluindo dados experimentais, estão aqui. Mas eu pergunto: o que estamos fazendo com elas? A pergunta deu margem a muitos questionamentos, alguns dos quais descrevo a seguir.”

• Se a espiritualidade foi restabelecida pela ciência em nossa vida, então devemos observá-la. Minha formação religiosa diz que devemos ser virtuosos. Eu gostaria de me tornar um ser humano mais amoroso, sincero, justo e solidário. A nova ciência pode me ajudar? 

• Quando penso na espiritualidade, penso em Deus, e tenho dúvidas sobre Ele. Essas dúvidas fizeram com que eu me voltasse para objetivos materiais, que não me deixaram mais feliz. Eu gostaria de resgatar a espiritualidade em minha vida. O que tem a dizer a nova ciência? 

• Se a espiritualidade é real, isso significa ter de abdicar de metas materiais em seu benefício? E se eu quiser explorar meu potencial criativo? 

• Desisti de Deus, pois não entendo como um Deus bom permite que aconteçam tantas coisas ruins. Não consigo aceitar a divisão entre bem e mal do cristianismo popular. A nova ciência pode me ajudar nessa questão?

• Gostaria de trabalhar em soluções para nossos problemas sociais. Isso é espiritual? Hoje, há muita gente confusa em relação à ética, ao valor da religião e da espiritualidade, e mesmo sobre o livre-arbítrio e a criatividade na busca do potencial humano; isso é resultado das afirmações categóricas e desmedidas da ciência convencional em prol do materialismo científico – todas as coisas (objetos materiais, pensamentos e ideias como espiritualidade e Deus) podem ser reduzidas a partículas elementares de matéria e suas interações. 

Com esses questionamentos as concepções simplistas podem dar a ideia de que Deus é uma ilusão e que seria melhor esquecê-los. Já o “Deus que os cientistas tradicionais denigrem é justamente aquele da crença popular simplista: um Deus onipotente que, de seu trono celeste, julga as pessoas e as envia para o céu ou para o inferno; um Deus que criou o mundo e todas as espécies vivas de uma só vez, há seis mil anos; um Deus que permite que coisas ruins aconteçam a pessoas boas; um Deus que se supõe perfeito e que, no entanto, tem imagens imperfeitas – ou seja, nós. 

E finalizo com mais algumas questões: Que natureza de Deus a física quântica e o pensamento do primado da consciência estão postulando? O Deus da nova ciência é compatível com o Deus de que falam as grandes tradições religiosas? Tais questões serão abordadas na próxima edição, seguindo a abordagem de Amit Goswami.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O ativista quântico: dos problemas da ciência materialista para o espaço da solução da nova ciência quântica.

Seguimos refletindo sobre os novos paradigmas da ciência tendo como base a vivência na educação básica, e o livro O ativista quântico, de Amit Goswami. Quem é da educação, torna-se ativista pois é aquele que trabalha para esta causa e passa a ser defensor e militante do próprio campo de atuação, pois está diretamente envolvido com uma parcela importante que compõe a sociedade. 
Segundo Amit, “temos problemas a granel em nossa sociedade e cultura – os maiores são o aquecimento global, o terrorismo e as constantes crises econômicas. Mas há outros itens, não menos importantes. Um imenso abismo está se abrindo entre os ricos e os pobres, e a classe média está sendo comprimida, ao contrário do que esperaria o capitalismo de Adam Smith”.
Tudo o que estamos presenciando no momento e o que nos chega pelas mídias demonstram que é coerente em suas palavras. Ele afirma que “nossa democracia está com problemas, graças à influência sempre crescente da mídia e do dinheiro. A educação não inspira. Os custos de saúde estão crescendo assustadoramente”. Estar atento ao caminhar da humanidade é uma forma de buscar a origem, as causas para encontrar novos caminhos.
Para Amit, a origem de todos esses problemas está no conflito entre espiritualidade e materialidade. Mas ele vem com boas noticiais dizendo que a visão coletiva do conflito entre espiritualidade e ciência materialista pende a favor de uma postura abrangente, baseada no primado da consciência e da física quântica.
No meu caminhar existencial o meu olhar foi nesta direção da consciência individual para tornar o mundo mais igual e solidário. Foi assim que me identifiquei com essa nova visão de mundo, a visão quântica. Nesse caminhar me junto, para levar essa mensagem para as instituições sociais das quais faço parte e estou entrelaçada no emaranhamento universal.
É o novo desafio, diz Amit, e num lampejo, sentiu o desafio e veio-lhe a ideia do livro e do movimento do qual ele faz parte. “Foi preciso existir a física quântica para que descobríssemos a espiritualidade dentro da ciência” e “devemos usar essa orientação para devolver a espiritualidade a unidade ao nosso meio social, às nossas instituições sociais”. Provocar mudanças na sociedade, é isso que faz um ativista, e é nesse viés que me sinto inserida.
Em pequenos avanços nas minhas pesquisas e nas leituras sobre o tema encontrei o motivo de compartilhar pois como diz Amit,  precisamos do ativismo que usa o poder da física quântica, pois é a física quântica que nos dá ideias transformadoras e que podem modificar as nossas instituições sociais, devolvendo unidade ao que estava separado.
Ele continua dizendo que para enxergar isso é importante lembrar-se que a física quântica é a física das possibilidades e o pensamento quântico nos devolve nosso livre-arbítrio para podermos escolher algumas dessas possibilidades. Essas escolhas livres são capazes de nos libertar dos maus hábitos passados. Elas provêm de uma inter-relação cósmica que chamamos de não localidade quântica – ou seja a capacidade de comunicação sem sinais. A física quântica tem até o poder de romper as hierarquias de cunho materialista clássico. Daí a ideia de ativismo quântico com o poder transformador da física quântica para nos modificar e, também modificar as nossas instituições sociais.
O livro “O ativista quântico” é uma explicação dessas ideias de forma mais prática criando um manifesto para as mudanças pessoais e sociais. Conforme o que consta na apresentação, trata-se de um livro que confere forças, que mostra um pensamento reto e uma vivência reta, preparando-nos para implementar soluções para muitos problemas,  “impossíveis” que o materialismo nos legou, os quais já foram citados, e ser um ativista quântico é ter o poder de passar do espaço dos problemas da ciência materialista para o espaço da solução da nova ciência quântica, baseada no primado da consciência.
O livro nos traz discussões sobre a economia espiritual que lida com o bem-estar holístico e não apenas com as necessidades de consumo material, a democracia que usa o poder para servir ao significado, em vez de usá-la para dominar os outros, e principalmente a educação que nos liberta do jugo do conhecido, a religião que integra e une, e as novas e econômicas práticas de saúde, que restauram a nossa integridade.
Amit discute as soluções no contexto do desenvolvimento de um modo de vida correto para ativistas quânticos e seus amigos, o que inclui todo o mundo. Foi escrito num estilo não técnico portanto compreensível mesmo para quem não é cientista, mas para todos que queiram ver mudanças sociais coerentes com os movimentos da consciência – movimentos evolucionários que mais cedo ou mais tarde permitirão a criação do céu na terra.
E assim, vou me descobrindo na leitura. Deixo aqui o convite para acompanhar nas próximas edições. Vou compartilhar muito mais sobre o livro e sobre esse tema que me deu mais um novo motivo de continuar ativista por um mundo melhor.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

EducAtivAção (Educar – ativar – ação) e o Ativismo quântico


Desde que passei a circular no campo da educação, atuando como professora e também sendo estudante em muitos cursos de formação continuada, o estudo, a observação, a reflexão e a ação fazem parte do cotidiano. Isso me inspirou a criar o termo EducAtivAção, que tanto serve para a minha vivência como estudante, como para a prática de ensino nas salas de aula.
Na minha pesquisa para escrever a dissertação de mestrado a metodologia utilizada foi com abordagem histórico-crítica e com enfoque no materialismo histórico com o intuito de fomentar outros debates e discussões. Na perspectiva histórico-crítica, a pesquisa deve ser vista como um campo dinâmico, crítico-dialético, em que o pesquisador constrói e reconstrói pontos de vista e novas atitudes, segundo OZGA, 2000.
Durante os dois anos do curso, imersa na proposta de investigação pude observar como ocorre a (des)integração do sistema de educação. O tempo de escola de uma criança inicia cada vez mais cedo. As famílias deixam os filhos aos cuidados de outras pessoas com meses de vida. Aqui é o primeiro passo para a desintegração.
O atual sistema de educação está dividido em níveis, desde a educação infantil, o ensino fundamental, fases iniciais e finais, depois passa para o ensino médio. O próximo nível é o ensino técnico ou graduação. Não temos como fugir da história individual, tampouco da história dos sujeitos envolvidos. Sou professora de geografia, atuo na rede estadual de educação básica, em uma escola localizada na região oeste de Santa Catarina e mestre em educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). Inserida nesta realidade está a proposta de compartilhar inquietações, dúvidas e incertezas que certamente são as mesmas de muitos estudantes do ensino médio.
São essas inquietações que me motivam a buscar novos estudos e novas propostas para uma vida pessoal e emocional equilibrada, para dar conta dos desafios diários de ser professora. No ensino médio, etapa final da “adolescência”, onde começam as dúvidas em relação ao futuro profissional, para a maioria, incerto e duvidoso, muito mais agora neste período de transição planetária e de transição paradigmática da ciência.
Conforme os novos horizontes apontados pela física quântica, na forma de seu famoso “efeito do observador” (como o ato de ver algo, por parte do observador, transforma possibilidades quânticas em experiências concretas na consciência dele mesmo), está nos forçando a mudar de paradigma, passando do paradigma da primazia da matéria para o da primazia da consciência”. (Amit Goswami)
Amit escreve na apresentação do seu livro O ativista quântico: O novo paradigma é abrangente; trata-se de uma ciência da espiritualidade que inclui a materialidade. Ativismo quântico é a ideia de transformarmos a nós mesmos e nossas sociedades segundo as mensagens transformadoras da física quântica e do novo paradigma.
Ao finalizar minha pesquisa no curso de mestrado, com fundamentação teórica no materialismo histórico, me senti numa encruzilhada. Como atuar na educação básica, numa sociedade altamente tecnológica, com seres humanos tão cheios de sentimentos, emoções, perspectivas e motivações voltadas para o consumo de bens materiais, e tendo que conviver com muitas outras pessoas, por horas a fio, em ambientes quadrados (sala de aula)?
Volto ao que Amit escreveu: “A ciência materialista, sem enfrentar desafios nas cinco últimas décadas, causou danos. Podemos alegar que nossas instituições sociais – capitalismo, democracia, educação liberal, instituições de saúde e de cura – estão enraizadas no idealismo ou, mesmo, na espiritualidade. Mas, atualmente, muito poucas dessas instituições podem ser chamadas de humanísticas, menos ainda de espirituais”.
E para compor a reflexão sobre a (des)integração do sistema de educação, mais uma observação de Amit: “O materialismo alterou tanto suas fisionomias que suas raízes espirituais quase não podem ser reconhecidas. Para nos mantermos vivos, dependemos de instituições que se valem das forças da separação, que, cada vez mais, estão se tornando o vento predominante da cultura mundial”.
As inquietações são constantes e procuro compartilhar para que mais pessoas se sintam convidadas a refletir, se sintam cutucadas e se for preciso romper com os paradigmas que já não se bastam, nem garantem o futuro mais atrativo e saudável da atual e das novas gerações.


sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Valorização do magistério: Qual é o caminho?


Na edição anterior abordei a valorização do magistério com base na avaliação da OCDE e nas ações do governo anterior em relação a isso. Agora temos outro governo e outra equipe gestora na secretaria do estado. Segundo as notícias divulgadas no site da SED, nas redes sociais e as que nos chegam na escola, quais são as novidades?

Neste novo momento da educação catarinense a palavra-chave é educação inovadora, recebendo o título de Minha Nova Escola. Um programa lançado há um mês pelo Governo de Santa Catarina, que prevê R$ 1,2 bilhão em investimentos na educação, e que, conforme noticiado, já está se tornando realidade em unidades de ensino de todas as regiões catarinenses. “Até o momento, 456 unidades de ensino já receberam equipamentos de tecnologia, de um total de 611. São dispositivos como tablets, notebooks, computadores e lousas digitais”. Nas escolas que atuo ainda não recebemos nenhum equipamento citado. Podem estar a caminho, pois entre a divulgação e a distribuição para todas as escolas requer tempo e logística. 
Eis aí uma resposta aos meus questionamentos sobre a utilização da tecnologia como um caminho para a qualidade da educação. Certamente que sim, pois o uso das tecnologias melhora a comunicação, agiliza o preenchimento de documentos importantes, oportuniza a autonomia de todos envolvidos, melhora a qualidade das aulas com o uso de recursos e informações em tempo real. Tudo de bom para quem sabe como usar. 
Levando em consideração o plano de carreira instituído em 2015, outro questionamento levantado quanto a valorização financeira para quem sempre buscou formação continuada e pós-graduação, (especialização, mestrado e doutorado) e também quanto a motivação do professor para cursar uma pós-graduação, mesmo com bolsa de estudos, se o retorno financeiro no salário é irrisório.
Uma resposta pode ser encontrada em outra notícia divulgada no site. “R$ 94,7 milhões serão investidos em licenciaturas e pós-graduação para estimular a formação de educadores em Santa Catarina, com bolsas concedidas pelo programa Uniedu. Entre as novidades estão licenciaturas voltadas para comunidades quilombolas, indígenas, além de duas especializações com foco inovador. Nas demais licenciaturas estão cursos de Inglês, Química e Física”.
Ainda segundo o site “As inscrições para obtenção de bolsas de pós-graduação, do programa Bolsas Universitárias de Santa Catarina (UNIEDU), da Secretaria de Estado da Educação (SED), encerraram-se no último dia 21 de agosto com 936 inscritos em todo o Estado. Foram 194 inscrições para Especialização, sendo que estão disponíveis 100 bolsas; outras 448 inscrições para Mestrado, com 183 bolsas disponíveis; e 294 inscrições para Doutorado, com disponibilidade de 83 bolsas. Os projetos de pesquisa anexados pelos candidatos agora passam pelo processo de homologação, em que será verificado se as informações prestadas na inscrição estão de acordo com a documentação exigida”. Os números demonstram que há muito mais interessados do que bolsas oferecidas. Então parabéns aos professores que buscam melhorar sua performance com cursos de pós-graduação e formação continuada.
As ações voltadas para a qualificação do docente da rede estadual, conforme ressaltado no site, são iniciativas que preparam o educador para a nova educação que se apresenta em Santa Catarina, com o ensino médio integral, a adoção de um novo currículo base, e uma escola mais inovadora, que dá ao aluno uma formação contextualizada com a realidade. Os investimentos nestas formações para educadores já somam R$ 4,8 milhões e com o programa Minha Nova Escola, do Governo do Estado, prevê R$ 99,5 milhões de investimentos para cursos de qualificação e formação.
Esse programa está justificado no texto que destaca a importância do professor. “Dos muitos caminhos que levam a uma educação de qualidade, o papel do professor continua sendo central no processo de ensino e aprendizagem. Pesquisas apontam que o educador é determinante para o desempenho do estudante. Um desses estudos foi divulgado em 2013 pela Universidade Stanford e revelou que, enquanto o estudante com um docente despreparado aprende metade ou menos do que deveria no ano, aquele que tem bons professores aprende o equivalente a um ano a mais. Também de nada adianta uma escola bem equipada se o profissional não estiver preparado para usar a tecnologia da melhor maneira possível”.
Esse texto reflete e deixa claro que há reconhecimento do papel do professor como peça fundamental para uma educação de qualidade. Então, pensando na qualificação do docente da rede estadual, no programa Minha Nova Escola, o Governo do Estado, vai efetivar esse reconhecimento de que maneira? Com convicção, o reconhecimento e valorização dos professores só será reconhecimento real quando fizerem uma análise apurada do plano de carreira para resolver as distorções salariais. É um absurdo a falta de coerência e a discrepância que existe entre os valores dos vencimentos dos que atuam no mesmo cargo.
Se o caminho que leva à educação de qualidade, o professor é o centro do processo, neste mesmo viés, há aqueles que se dedicaram ao aperfeiçoamento profissional, porém o vencimento fica aquém daqueles que nunca saíram da sua zona de conforto. Há também uma comparação que demonstra a desvalorização do professor e pode ser percebida entre os servidores públicos do estado de áreas distintas. Qual é o valor de um servidor que possui pós-graduação em outra área e a do servidor da educação com a mesma pós-graduação? Será que os atuais e futuros professores da rede pública de educação podem contar com os novos gestores para a efetiva valorização (melhores salários) do professor que atua em sala de aula? Os dados da educação catarinense estão na palma da mão e quem quiser pode acessar no site http://www.sed.sc.gov.br/ .






quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Os novos rumos para a qualidade da educação em Santa Catarina e a valorização do magistério.


Dando sequência a reflexão sobre a proposição dos novos rumos para a qualidade da educação em Santa Catarina, conforme a avaliação da OCDE* no texto que tangencia a valorização do magistério e suas constatações.
De pronto o documento aponta que o “Estatuto do Magistério e o Plano de Carreira e de Cargos e Salários não valorizam nem estimulam a procura pela carreira do magistério. Além de manter o profissional da educação distanciado da maioria das profissões por se apresentarem mais vantajosas, não há estímulo à promoção por mérito e pela busca da competência profissional”. Perfeito e totalmente adequado à realidade vivenciada por quem se dedica à profissão professor.
Seguem expondo que “o Estatuto e o Plano de Carreira do Magistério tornaram-se um instrumento desmotivador frente a potenciais candidatos à carreira. Como se apresenta, a estrutura do Estado está a serviço dos servidores, na condição de seu empregador, deixando de ser visto como o espaço para o serviço público assumido por carreira centrada na competência técnica, a serviço da educação da sociedade”.
Segundo esta avaliação, os princípios e diretrizes devem estar “centrados e orientados para o êxito das atividades finalísticas, condições de trabalho e relevância social da ação educativa. Para tanto, faz-se necessário: estabelecimento de salário competitivo e níveis de promoção na carreira atrativos com base na avaliação de desempenho e mérito; valorização e incentivo à busca da competência e à qualidade dos resultados; maior nível de exigência em relação aos conhecimentos e às habilidades exigidos em  concursos e processos de seleção como requisito para ingresso e estabilidade na carreira ou contrato temporário, comprovados por meio de provas; definição de procedimentos para concurso público mediante critérios e parâmetros, sendo a nota 7,0 (sete) o nível mínimo para ingresso e estabilidade na carreira, dependendo do número de vagas; promoção funcional centrada no mérito e na avaliação de conhecimento e desempenho; atenção à saúde, autoestima e bem-estar pessoal, familiar e social.”
Após destacar os problemas, deveriam buscar ações e medidas para superação, dentre elas: elaboração de novo Estatuto do Magistério e de Plano de Carreira, Cargos e Salários com indicadores profissionais e salariais atrativos e competitivos; promoção de concurso público, preferencialmente a cada dois anos, com definição de vagas para ingresso na carreira, com base em novo Plano de Carreira e de Cargos e Salários; definição de sistemática que possibilite aos atuais servidores estáveis acesso ao novo Plano de Carreira e de Cargos e Salários; criação de um sistema de avaliação de conhecimento e de desempenho dos professores e dos gestores, associado à formação continuada, à progressão funcional e à valorização salarial; criação de programas de incentivo por escola, com base na avaliação de conhecimento, de desempenho e de qualidade dos resultados obtidos pelos professores e pelos gestores.
Outros apontamentos interessantes quanto a saúde e autoestima do professor com a criação de programas e também de valorização do papel do professor e da relevância social perante a sociedade. Depois de discorrer sobre esse ponto do documento citado dá até vontade de chorar. Ano passado divulgaram imagens de pessoas fazendo palestras em nome da atenção à saúde e à autoestima do professor, bem como alguns discursos de criação de programas de valorização do papel do professor e da relevância social perante a sociedade, mas qual foi o resultado?
Houve também orientações para a “criação de política de formação continuada associada à promoção na carreira docente, com base na avaliação de conhecimento e de desempenho, nas competências e nas habilidades requeridas e nos resultados da aprendizagem dos alunos’. De que maneira pode acontecer a promoção na carreira docente com base na avaliação do conhecimento e de desempenho? Nada ficou claro para os professores.
Outra ação elencada é ampliar “a comunicação, dos espaços de produção, da troca de produção, de experiências pedagógicas e de gestão entre SED, escolas e professores; definição do perfil e dos critérios para a formação dos gestores e para a ocupação e exercício do cargo de direção de escola”. Importante questão: a comunicação. Como foram definidos os perfis e como foram escolhidos os gestores de escola? Como se deu a formação dos gestores? De que maneira atuam esses gestores? Olhando para fora ou para dentro da escola? Qual é a percepção pedagógica dos gestores? De que maneira conduzem as ações relacionadas ao quadro de professores?
Por que é tão difícil pensar no professor como um ser humano, inserido na sociedade capitalista e que precisa se adequar aos novos paradigmas da educação? Por que acham que professores podem trabalhar três turnos, correr de uma escola para outra, planejar, explicar, executar, corrigir, lançar nota, entender a situação emocional do aluno, ser desrespeitado em sala de aula e fora dela, e ainda ser saudável, otimista e cheio de energia? Com base no “novo” Plano de Carreira e de Cargos e Salários implementado em 2015, de que maneira proporcionaram o acesso dos atuais servidores estáveis a uma política que prega a qualidade da educação? Qual foi a valorização financeira de quem buscou formação continuada e pós-graduação, (especialização, mestrado e doutorado)? Será que algum professor se motivará a cursar uma pós-graduação, mesmo com bolsa de estudos, se o retorno financeiro no salário é irrisório? Como vislumbrar qualidade da educação sem a presença efetiva do professor? Podemos pensar na utilização da tecnologia como saída? Não sei.
  


A formação do professor e os novos rumos para a qualidade da educação em Santa Catarina


A “Proposição de novos rumos para a qualidade da educação em Santa Catarina, visão do CEE Conselho Estadual de Educação, sobre a avaliação da OCDE* é um documento de 2012, porém o movimento iniciou-se em 2007 com o intuito de promover estudos com especialistas da OCDE de caráter avaliativo para apontar deficiências e potencialidades da educação de Santa Catarina. As tratativas ocorreram nos anos posteriores, e em 2010 a OCDE retorna com o relatório final.
No que se refere à formação do professor e os novos rumos para a qualidade da educação em Santa Catarina as recomendações que merecem destaque: “A SED deveria emitir um documento de referência sobre a formação docente tendo em vista a constatação de baixo status social, absenteísmo**, muitos professores horistas e baixa qualidade de muitos cursos de formação docente; o currículo é pesado demais e não há disponibilidade para atividades de iniciativa local. Isto pode ser traduzido no que se diz: “menos é mais”. É melhor relacionar menos conteúdos no currículo, mas ter a certeza de que o ensino é pertinente.
Além dessas seguem outras orientações: “Santa Catarina participará do PISA 2012 (juntamente com mais 67 países), é imperativo que a SED e o CEE mudem o foco da atenção, atuando para que os processos gerem efetivos resultados, buscando formas efetivas de melhorar a aprendizagem dos alunos, que é a meta principal; em relação à educação profissional e tecnológica, destaca-se a necessidade de mais cuidado com a orientação vocacional; em relação à educação superior, é necessário melhorar a garantia da qualidade, que parece estar mais preocupada com as questões burocráticas do que com a melhoria dos resultados e de sua relevância, além de mais atenção que deveria ser dada, também, à internacionalização; Santa Catarina deveria desenvolver uma política abrangente e uma estrutura de gestão baseadas na capacidade de algumas instituições de pesquisa, desenvolvimento e inovação para avaliar e monitorar o resultado das iniciativas nessa área.
Agora vou destacar algumas constatações quanto ao quadro de professores focadas na formação de professores e gestores: a sistemática de ingresso dos candidatos aos cursos de licenciatura não é adequada nem contribui para um processo focado na formação de professores e gestores para o exercício do magistério; a formação inicial, assim entendidos todos os cursos de licenciatura, não é desenvolvida com o foco na escola, no aluno e na aprendizagem; a formação continuada, assim entendidos todos os cursos de aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado ou outros afins, que sucedem à primeira graduação, levados a efeito em serviço ou não, por sua vez, não vem sendo desenvolvida com base em programas elaborados à luz da avaliação de desempenho dos professores, dos processos de ensino e dos resultados da aprendizagem constatados nas escolas; as ações de formação continuada para professores e gestores são desconexas e vêm sendo desenvolvidas sem avaliação correspondente e, por extensão, seus resultados são duvidosos. Não há qualidade da educação sem qualidade dos professores.
Depois das constatações elencadas vieram os princípios e diretrizes, descritos assim: A formação de professores e de gestores educacionais, necessária para as novas demandas da educação básica e profissional, deve orientar-se pelos seguintes parâmetros: incentivo e motivação para a carreira do magistério; centralidade da formação em competências e habilidades relacionadas aos processos investigativos da área em que o professor irá atuar, associada à estreita convivência e imersão na comunidade escolar e nas práticas de ensino e aprendizagem; indissociabilidade entre conteúdos curriculares, reflexão e práticas referidas a contextos e vivências reais; pertinência dos conteúdos curriculares e das práticas pedagógicas das licenciaturas com os conteúdos e práticas pedagógicas desenvolvidos nos diversos segmentos de ensino da educação básica e profissional;  coerência dos processos formativos com o perfil requerido dos egressos e com as demandas da realidade educacional.
Diante disso, para superar os problemas constatados as recomendações para superar os problemas, a Comissão propõe: a) criação de parâmetros e estratégias de motivação profissional e salarial atrativos para candidatos à formação para o magistério; b) adoção de estratégias de seleção de candidatos ao magistério, por meio de instrumentos que avaliem condições, competências e habilidades específicas para o exercício do magistério; c) definição do perfil requerido dos professores que concluem os cursos de licenciatura correspondentes aos diversos segmentos de ensino – educação infantil, anos iniciais e anos finais do ensino fundamental, ensino médio, ensino técnico-profissional, educação especial, educação rural, educação indígena e alfabetização e educação de jovens e adultos, com base na realidade e demandas da educação básica e profissional; d) elaboração de currículo-base comum às licenciaturas para a formação inicial dos professores e gestores educacionais.
Muitas vezes compartilhei com os pares algumas reflexões neste sentido, mesmo desconhecendo tal documento, o que me deixa menos apreensiva. No entanto, por outro lado, fiquei surpresa com o teor da abordagem deste documento pois a Lei 668/2015 não contempla o que foi orientado pela OCDE. Em muitas pautas ocorreu exatamente o contrário. Por que mesmo foi chamado um grupo de avaliadores externos? Qual o objetivo desta avaliação, constatações e orientações? Se havia interesse em melhorar a qualidade da educação com base nas propostas deste documento, por que criaram a Lei 668/2015? O que significa formação continuada? Qual é a valorização financeira, os incentivos e a motivação para a carreira do magistério?

*OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
**Absenteísmo: ou absentismo é um padrão habitual de ausências no processo de trabalho, dever ou obrigação, seja por falta ou atraso, falta de motivação ou devido a algum motivo interveniente. É usado também para designar a soma dos períodos de ausência de um funcionário de seu ambiente de trabalho.

  

sábado, 10 de agosto de 2019

Formação de professores: Metodologias ativas - Ressignificando o Trabalho Educativo Escolar



Mais uma parada para reflexão, no dia 17 de julho, com o objetivo de dar continuidade à formação de professores da rede pública estadual de SC. Para os professores que fazem parte da 6ª Gered/ Supervisão Regional de Educação de Concórdia com o tema de estudo Metodologias ativas - Ressignificando o Trabalho Educativo Escolar. O início dos trabalhos foi dado pelo Supervisor Regional de Educação, Paulo Rogério de Rossi e com a participação especial, em vídeo, pelo Secretário de Educação de Santa Catarina Natalino Uggioni, falando da importância da formação para os professores da Rede Estadual. 
Na parte da manhã aconteceu uma palestra sobre o tema Metodologias Ativas e BNCC, com os Professores da Universidade do Contestado, Professora Cristina Maria Agustini Moraes Ehrhardt e Professor Irineu José Vieira Jr. Cabe aqui ressaltar, conforme palestrantes, que lhes foi feito um pedido para “fazer diferente”. E realmente os palestrantes trouxeram coisas diferentes. O vídeo com a música do Pink Floyd – The Wall (legendado) foi uma boa reflexão para nós professores entendermos a importância da nossa prática pedagógica e as posturas que temos diante de nossos alunos. Uma bela cutucada para saber “Que professor sou eu e como posso ser melhor”.
Outra referência usada na palestra foi a avaliação da OCDE sobre a Educação Catarinense. Fui pesquisar para ampliar a minha percepção. A citação deste documento foi importante para a minha reflexão. Encontrei o documento “Proposição de novos rumos para a qualidade da educação em SC”. No documento aparecem os cinco primeiros temas propostos: “Formação do Professor e do Gestor Educacional; Valorização do Magistério; Currículo e Prática Pedagógica; Autonomia e Gestão da Escola; Organização e Gestão do Sistema Educacional e Estrutura Física e Técnica. Estes temas sustentam-se nos seguintes vetores: a) mudança no sistema de formação e de contratação dos professores e servidores; b) regime integral de trabalho dos professores por escola; c) educação básica e profissional como foco e objeto dos programas de formação inicial e continuada dos professores e d) autonomia e gestão da escola com foco nas atividades finalísticas”. (p.13)
Ao ler esse documento, na íntegra, que data de 2012, foi possível entender muitas ações dos gestores da educação nos últimos anos. Como estamos buscando fazer uma educação diferente, e supõe-se de qualidade, continuo com as observações que fiz em meus alfarrábios (bloco de notas do celular), sobre o dia 17 de julho. Se queremos avançar vamos inverter a sala com a dica da letra da música do Pink Floyd e convidar os gestores a pensarem: Que gestor sou eu e como posso ser melhor. Lembrando que somos todos gestores.
Outra fala da Professora Cristina que me chamou atenção, e que no entender, diante de tantas mudanças paradigmáticas em todos os campos do conhecimento, precisamos mudar a forma de usar as palavras, mesmo elas tendo sido usadas por um grande ícone das teorias cognitivas e aprendizagem, Jean Piaget. A professora Cristina falou em termos motivacionais, dizendo que precisamos pensar diferente, ressignificar mesmo sabendo que pensar dói, assim como dizia Piaget, precisamos pensar.
Foi nesse momento que me veio à mente outras práticas de educação e aprendizagem ultrapassadas, usadas por pais e professores. Quando alguma criança fazia alguma coisa errada era retirada do grupo tendo que ficar no “cantinho do pensamento” para compreender o que tinha feito de errado. De que forma essa criança vai gostar de pensar?
Então se precisamos pensar diferente, ressignificar, vamos começar e fazer diferente, sim. Vamos convidar todos a pensar porque pensar é maravilhoso, e também que é possível aprender e ensinar a como pensar. Diante de tantas informações pululando, é preciso aprender a barrar certos pensamentos e barulhos da mente, para focar no aprendizado coerente aos novos rumos da humanidade. Estamos na era digital, a velocidade da mudança das coisas é tão grande que a formação técnica já não será mais tão importante para as futuras profissões. Quem serão os profissionais do futuro com a educação que temos hoje nas escolas e nas universidades?

O GOSTO POR APRENDER E ENSINAR

                                                                                                    Os trabalhos apresentados na obra O gost...