terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

De poesia livre à dissertação de mestrado. Superação total. Viva Sou Mestre em Educação.

Investigando o caminho do Eu mestre – Parte 2.

Alegrias, alegrias, alegrias... hoje eu sou mestre. Os desafios foram superados. Hoje posso escrever sem sentir dor. O que aconteceu? Foram os obstáculos que surgiram enquanto professora da educação básica estadual, que participou de um processo seletivo para se afastar das funções laborais e se dedicar aos estudos. Na verdade, ainda não sei como aconteceu. De uma hora para outra o setor responsável pelo recebimento e concessão do afastamento para cursar uma pós-graduação, também responsável pela emissão da portaria que autorizava o afastamento da escola, se deu conta que havia errado em conceder o afastamento.  
Hoje percebo que, aquelas pessoas que trabalhavam no setor, ao se darem conta dos erros cometidos precisavam resolver o problema. Para isso não interessava a forma como ocorreu o fato, mas sim, resolver a situação sem se comprometer. O jeito mais fácil foi colocar a culpa na servidora que foi afastada, com ameaças e sob justificativa de que se não retornasse às atividades funcionais na escola isso poderia ser caracterizado abandono de emprego e por consequência, exoneração do cargo. Alguém imagina o que isso representou para uma pessoa que sempre teve conduta ética?
Foram dias de muito sofrimento. Dor por ter recebido a notícia daquela maneira. Dor por ter que abandonar um projeto de estudos. Dor por ter que voltar para escola desmoralizada. Raiva por ter acreditado nas informações repassadas. Desilusão por estar vivendo uma situação daquelas, por ter acreditado nos discursos inflamados por uma educação de qualidade e igualitária. Percebi que foi tudo ilusão = “erro de percepção ou de entendimento; engano dos sentidos ou da mente; interpretação errônea, confusão de aparência com realidade, confusão de falso com verdadeiro”.
Ao receber a notícia precisei de alguns dias para aceitar e me recompor. Nem conseguia ir para a escola. Sentia dores de cabeça, dores no corpo. Cinco dias depois, enfim consegui sair do estado de dor e comecei a trabalhar. Desde então passei a buscar alternativas. Procurei conversar com pessoas via e-mail para reverter a situação financeira. Além de voltar ao trabalho eu responderia um processo administrativo para devolver o dinheiro que havia recebido nos dois meses e meio que fiquei afastada. Nenhuma proposta foi aceita. Foi então que recebi uma pastinha contendo o tal processo administrativo. Quando li o texto e os valores que iriam me cobrar fiquei mais uma vez indignada. Não assinei. Argumentei que os erros não foram meus, que eu busquei todas as informações e quem emitiu a portaria deveria ter mais motivos para saber dos trâmites legais e assumir o erro.
Outro motivo que me deixou muito triste foi o fato de não receber nenhum afago das pessoas que me conheciam e estiveram trabalhando comigo esses anos todos. Pelo contrário, concordavam com as instâncias superiores dizendo que a culpa era minha. Devolveram aquele processo escrito. Passaram alguns dias recebi um aviso do correio para eu retirar uma correspondência. Para minha surpresa era um comunicado da gerencia de educação sobre a devolução do dinheiro. Que a partir do próximo mês estariam debitando os valores direto no meu contracheque.
As coisas que estavam escritas naquela correspondência, no parecer do advogado, uma folha que foi feito cópia, toda desbotada, serviram de subsídios para muitos e-mails com o assinante daquele processo. Simplesmente desolador saber que num momento como este ninguém se compromete e ninguém assume suas palavras e ações. O desfecho foi deliberado. Diante de tamanha arbitrariedade não tive outra saída.  No mês seguinte começaram os descontos no meu salário. Só poderiam descontar o valor de 10% do meu vencimento. E isso está acontecendo até hoje. Ainda não consegui devolver todo montante aos cofres públicos. O que pensar sobre esse episódio? Uma bofetada na cara. Ainda mais, sendo de conhecimento geral da nação, toda roubalheira e descaminhos do dinheiro público.  
Foram dias de muita tristeza. Foram vários sentimentos ao mesmo tempo. Mas nem por isso desisti. Continuei no meu projeto de estudos. Fiz o processo seletivo para o curso de mestrado, na mesma universidade que cursei um componente curricular isolado. Fui aprovada e consegui uma bolsa de estudos, modalidade taxas. Eu não precisava pagar a mensalidade. Fiquei isenta desta. Em contrapartida precisava disponibilizar 20h, além das aulas presenciais. No primeiro semestre do curso foi tudo lindo. Conseguia conciliar dar aula e assistir às aulas.
A máquina administrativa pública agiu com rapidez e agilidade para cobrar da professora que acreditava na educação. Quem ainda quer ser professor? Essa foi a reflexão que deu origem ao primeiro artigo científico do curso de pós-graduação e que foi apresentado no XII Congresso Nacional de Educação – Educere, com a temática: Formação de professores, complexidade e trabalho docente.  Artigo completo você encontra no link do evento: http://educere.pucpr.br/p1/anais.html?tipo=2&titulo=&edicao=5&autor=RAQUEL+MARMENTINI&area=54

ALEGRIAS... ALEGRIAS... ALEGRIAS... Eu superei todos os obstáculos HOJE EU SOU MESTRE EM EDUCAÇÃO!

O GOSTO POR APRENDER E ENSINAR

                                                                                                    Os trabalhos apresentados na obra O gost...