Recapitulando: Em qual momento surgiram
essas secretarias espalhadas por todo o Estado? Com qual objetivo elas foram
concebidas? Por que são alvos de tantas críticas? Por que promovem
descontentamento na população com os gastos efetivos para serem mantidos esses
órgãos governamentais?
Para oferecer uma pauta de reflexão, vamos
buscar o contexto e configuração do que foi a descentralização governamental
idealizada na campanha do candidato Luiz Henrique da Silveira para o governo do
Estado de Santa Catarina nas eleições de 2002. Sua bandeira principal o chamado
‘’ plano 15’’, tendo como uma de suas metas lançadas no período, a necessidade de
uma forte reestruturação, do governo do estado, que estava concentrado, e
ausente do conjunto das regiões mais afastadas.
Com esta bandeira, alegando que o governo
era autoritário e reprodutor das velhas práticas politiqueiras de submissão,
via permissão de favores, como financiamento, convênios, isenções, o candidato
Luiz Henrique derrotou o então governador Esperidião Amin e, além disso,
emplacou dois mandatos consecutivos (2003-2006/2007-2010). Pelo visto o
discurso foi somente para ganhar as eleições, pois as práticas eleitoreiras se
reproduziram por muitos outros mandatos, onde o mesmo partido continuou no
comando governamental.
Outro argumento utilizado que Santa
Catarina havia se tornado um dos estados campeões nacionais no êxodo rural,
causando crise urbana, por conta da ausência de políticas regionais de
desenvolvimento agropecuário, ocasionando desemprego, subemprego, favelização,
criminalidade. Além do aumento dos gastos do governo e o maior inchaço da
máquina administrativa, outros graves problemas precisavam ser enfrentados,
tais como a saúde pública e o aumento da criminalidade em certas áreas do
estado, com destaque especial à própria Capital e às cidades de São José e
Palhoça.
Isso sustentou a reestruturação
político-administrativa proposta pelo governo de Luiz Henrique, que se baseou em
quatro linhas básicas: a descentralização, a municipalização, a prioridade
social e a modernização tecnológica. Ele acreditava que a melhor maneira de se
fazer presente em todo o território estadual era operar a descentralização. Foi
nesse intuito que o governo procurou redistribuir funções e criar novas
secretarias e Conselhos de Desenvolvimento Regionais. Segundo o governo Luiz
Henrique, a principal mudança trazida pela descentralização seria a
transferência do poder de decisão para os catarinenses, por intermédios da
atuação dos Conselhos de Desenvolvimento Regional.
No entanto, com o passar dos anos essas secretarias
passaram a abrigar centenas de pessoas, como se fosse um “cabidão” de empregos
de cargos comissionados e desvio de cargos efetivos de suas funções. Diante da
situação em que se encontravam tais secretarias, foram alvo de muitas críticas.
Com isso uma ação paliativa por parte do governo transformou as secretarias em
ADRs, e mais recentemente, algumas foram extintas. Porém ainda há muito descaso
com o dinheiro público e muitos desafios financeiros a serem enfrentados. Quais
serão as novas ações do próximo governo? O que teremos de novidade na
administração da máquina pública? A velha prática política da velha política
será suplantada e extinta?
Para complementar esse texto, hoje
temos a notícia que finalmente o decreto de
desativação das ADRS foi assinado e deve ser publicado nos próximos dias.
Segundo o site de notícias do Estado, o processo faz parte da reforma
administrativa do governo Moisés e Daniela, foi encaminhado para a análise da
Procuradoria do Geral do Estado. Este decreto visa racionalizar os recursos
públicos com a redução de estrutura e cargos comissionados, integrando, desse
modo, o pacote de medidas para equilibrar as finanças. E nas palavras do novo
governador, “A medida reforça o nosso compromisso em diminuir o tamanho da máquina
pública, que precisa entregar serviço de melhor qualidade ao cidadão”.
Felizmente o
Estado pode contar com pessoas realmente comprometidas com suas funções de
servidores públicos. É com essas pessoas conscientes, dedicadas e responsáveis
que Santa Catarina pode vislumbrar um futuro promissor. Que os comandantes
deste processo sejam perseverantes e comprometidos antes de tudo com toda
população que merece receber serviços públicos de qualidade.
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