Neste bimestre, nas
aulas de sociologia, com as primeiras séries do ensino médio, o tema é
Sociedade e Trabalho. Abordando o trabalho na sociedade moderna capitalista
trazendo à luz do conhecimento as ideias de Karl Marx e a divisão social do
trabalho, a coesão social de Émile Durkheim, e os sistemas Fordismo-taylorismo
(formas de organização do trabalho).
Tais reflexões levaram
ao entendimento das transformações recentes no mundo do trabalho, chegando ao
questionamento sobre a sociedade salarial. O mercado de trabalho atual exige
qualificação, e, a qualificação se inicia no ensino fundamental e médio que são
base de toda a formação profissional.
Se a estrutura de um
edifício é mal feita, a consequência é catastrófica. Podemos relacionar com as
profissões escolhidas por alunos da rede pública de ensino? O que será dos
futuros profissionais? Numa provocação bem pessimista: “O Brasil vai ruir se
não houver pessoas competentes em todos os setores. O que vocês (alunos) esperam
que possa acontecer em suas vidas?” Em outra reflexão após mostrar os índices
apresentados pela imprensa de que o Brasil está em 6º lugar na economia mundial
e ocupa o 88º lugar em educação - que disparidade! – questionei: Se tivessem
que escolher hoje, quem escolheria a profissão professor? A única resposta que obtive foi SILÊNCIO.
Nenhuma resposta entusiasmada: EU QUERO SER PROFESSOR!
Mais uma vez questionei: Por que ninguém
se habilita? E as respostas foram unânimes: A profissão não atrai por que os
professores estão desvalorizados e o salário é muito baixo. Isso todos sabem!
Do doutor em educação ao professor menos qualificado. Das salas de aula ao
Gabinete do Secretário de Educação/Governador. Do Secretário Municipal de
Educação ao Ministro de Educação/Presidente. Então...
É consenso a ideia de que a carreira de
docente não se torna atrativo para os nossos alunos, pois tem um estatuto
social decadente, a formação fragilizada e a baixa remuneração. Uma profissão
que não atrai os “bons” certamente será ocupada por aqueles que não tiveram
opções melhores. Aqueles entram nas salas de aula, desmotivados e sem empenho,
e não acreditam que podem. Por isso mesmo, já que “aqueles” não escolheram
serem professores, mas foram social e economicamente escolhidos, provavelmente
não farão diferença. Representantes
políticos, administradores e gestores
públicos o que estão fazendo para que este quadro seja alterado para melhor?
Esta melhora precisa acontecer na base, na prática, na valorização da profissão
PROFESSOR.
O
resultado desta situação caótica de 88º lugar pode sim tornar-se um edifício
cheio de rachaduras, ou, despencando, se não houver mobilização e pressão
social, começando por quem constituí a maioria da população interessada (alunos
e pais) na melhoria do ensino público. Caso contrário a minha visão pessimista
tornar-se-á realidade nos próximos 20 anos. Quem precisa se preocupar com isso?
Nossos jovens alunos que estão nas séries do ensino médio. Logo, logo estarão
atuando fora da escola e o mercado de trabalho não perdoa. Alunos ainda há tempo
para reverter esta situação.