quarta-feira, 1 de julho de 2009

Se todas as pessoas fossem leves...

Esta semana recebi um texto por email, de autoria da DANUZA LEÃO, com o título de A vida não pode ser fácil e achei muito interessante para compartilhar com os leitores desta coluna. Ela inicia assim... Quem é difícil não suporta a companhia de gente leve, e encontra sempre um tão difícil quanto ele para conviver.

Por que será que para alguns a vida é tão fácil, tão leve, e para outros tudo é problema, complicação? Existem pessoas que estão gripadas, cheias de febre, e se levantam da cama, mesmo se sentindo péssimas, para ir ao dentista. Qual seria o problema de desmarcar? Nenhum. Mas se elas são exigentes com elas mesmas e, se deram a palavra, mesmo sendo uma simples ida ao dentista, não podem falhar.
Se essas pessoas são duras com elas mesmas, são também duras com os outros. Ai de você telefonar às 19 horas para desmarcar aquele jantar combinado na véspera. Jantar que não era nada, apenas um encontro de dois bons amigos que se falam quase todo dia no telefone; por mais que tenha havido um bom motivo, um complicado acha que isso não se faz. Ele cria expectativas - para o bem e para o mal - que não podem ser frustradas, sob pena de cair em profundo sofrimento.
Se num desses complicados programas, uma viagem maravilhosa para as ilhas gregas, quando voltar ele vai falar apenas de como é difícil viajar nos dias de hoje, dos aeroportos cheios, da bagagem que demorou a chegar à esteira, e vai se esquecer de contar as coisas maravilhosas que viu, até porque talvez ele não tenha visto nada, apenas olhado, o que não tem nada a ver.

Mesmo boas notícias que não estavam programadas contrariam os viciados em sofrer. O imprevisto, mesmo e, sobretudo, em se tratando de coisas boas, transtorna certas pessoas; a vida para elas é difícil, dura. Não se pode ser feliz porque o castigo vem depois. Elas adiam qualquer prazer por nada, ou talvez para não tiverem prazer.
Quando veem alguém com pouco ou nenhum futuro pela frente, um empreguinho de nada, sem perspectivas, tomando uma cerveja e dando não uma, mas várias gargalhadas, elas se sentem quase ofendidas. E sempre encontram uma outra pessoa para dizer o quanto aquele cara é irresponsável, que depois não se queixe e, sobretudo, que não venha pedir nada, já que vive pensando que a vida é fácil. O lema deles é esse: "A vida não é fácil".

A visão de uma pessoa que acha que a vida pode ser fácil e leve faz mal aos difíceis. Só que a vida ser fácil ou difícil depende, e muito, de como se é. Quem é difícil não suporta a companhia de gente leve, e encontra sempre um tão difícil quanto ele para conviver.
E o que é uma pessoa fácil? É aquela que, se você passar na casa dela na hora do almoço e não tiver nada na geladeira, diz, alegremente, que não tem problema, que em cinco minutos resolve tudo, e pergunta o que você quer: se um pão fresquinho, com um presunto cortado na hora e um guaraná, ou se prefere uns ovos mexidos e uma cerveja. Mas isso nunca vai acontecer: uma pessoa difícil nunca chega à casa do outro sem avisar, para que o outro nunca, jamais, faça isso com ele, que só de pensar nessa possibilidade já fica estressado; difícil lidar com pessoas difíceis.

E assim como a Danuza escreveu em seu texto, não há quem não tenha um amigo difícil; eu também tenho alguns, e vocês, devem ter outros, claro. O que ela aponta como inexplicável é que, continua gostando deles, se relacionando com eles, telefonando para eles, como provavelmente acontece com todos no final das contas. Por que será? A vida poderia ser bem mais leve se todos fossem leves. O que cada um de nós pode fazer para a vida tornar-se mais leve?

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