Desde
que passei a circular no campo da educação, atuando como professora
e também sendo estudante em muitos cursos de formação continuada,
o estudo, a observação, a reflexão e a ação fazem parte do
cotidiano. Isso me inspirou a criar o termo EducAtivAção, que tanto
serve para a minha vivência como estudante, como para a prática de
ensino nas salas de aula.
Na
minha pesquisa para escrever a dissertação de mestrado a
metodologia utilizada foi com abordagem histórico-crítica e com
enfoque no materialismo histórico com o intuito de fomentar outros
debates e discussões. Na perspectiva histórico-crítica, a pesquisa
deve ser vista como um campo dinâmico, crítico-dialético, em que o
pesquisador constrói e reconstrói pontos de vista e novas atitudes,
segundo OZGA, 2000.
Durante
os dois anos do curso, imersa na proposta de investigação pude
observar como ocorre a (des)integração do sistema de educação. O
tempo de escola de uma criança inicia cada vez mais cedo. As
famílias deixam os filhos aos cuidados de outras pessoas com meses
de vida. Aqui é o primeiro passo para a desintegração.
O
atual sistema de educação está dividido em níveis, desde a
educação infantil, o ensino fundamental, fases iniciais e finais,
depois passa para o ensino médio. O próximo nível é o ensino
técnico ou graduação. Não
temos como fugir da história individual, tampouco da história
dos sujeitos envolvidos. Sou professora de geografia, atuo na rede
estadual de educação básica, em uma escola localizada na região
oeste de Santa Catarina e mestre em educação pelo Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade do Oeste de Santa
Catarina (Unoesc). Inserida nesta realidade está a proposta de
compartilhar inquietações, dúvidas e incertezas que certamente são
as mesmas de muitos estudantes do ensino médio.
São
essas inquietações que me motivam a buscar novos estudos e novas
propostas para uma vida pessoal e emocional equilibrada, para dar
conta dos desafios diários de ser professora. No ensino médio,
etapa final da “adolescência”, onde começam as dúvidas em
relação ao futuro profissional, para a maioria, incerto e duvidoso,
muito mais agora neste período de transição planetária e de
transição paradigmática da ciência.
Conforme
os novos horizontes apontados pela física quântica, na forma de seu
famoso “efeito do observador” (como o ato de ver algo, por parte
do observador, transforma possibilidades quânticas em experiências
concretas na consciência dele mesmo), está nos forçando a mudar de
paradigma, passando do paradigma da primazia da matéria para o da
primazia da consciência”. (Amit Goswami)
Amit
escreve na apresentação do seu livro O ativista quântico: O
novo paradigma é abrangente; trata-se de uma ciência da
espiritualidade que inclui a materialidade. Ativismo quântico é a
ideia de transformarmos a nós mesmos e nossas sociedades segundo as
mensagens transformadoras da física quântica e do novo paradigma.
Ao
finalizar minha pesquisa no curso de mestrado, com fundamentação
teórica no materialismo histórico, me senti numa encruzilhada. Como
atuar na educação básica, numa sociedade altamente tecnológica,
com seres humanos tão cheios de sentimentos, emoções, perspectivas
e motivações voltadas para o consumo de bens materiais, e tendo que
conviver com muitas outras pessoas, por horas a fio, em ambientes
quadrados (sala de aula)?
Volto
ao que Amit escreveu: “A ciência materialista, sem enfrentar
desafios nas cinco últimas décadas, causou danos. Podemos alegar
que nossas instituições sociais – capitalismo, democracia,
educação liberal, instituições de saúde e de cura – estão
enraizadas no idealismo ou, mesmo, na espiritualidade. Mas,
atualmente, muito poucas dessas instituições podem ser chamadas de
humanísticas, menos ainda de espirituais”.
E
para compor a reflexão sobre a (des)integração do sistema de
educação, mais uma observação de Amit: “O materialismo alterou
tanto suas fisionomias que suas raízes espirituais quase não podem
ser reconhecidas. Para nos mantermos vivos, dependemos de
instituições que se valem das forças da separação, que, cada vez
mais, estão se tornando o vento predominante da cultura mundial”.
As
inquietações são constantes e procuro compartilhar para que mais
pessoas se sintam convidadas a refletir, se sintam cutucadas e se for
preciso romper com os paradigmas que já não se bastam, nem garantem
o futuro mais atrativo e saudável da atual e das novas gerações.