Um dia desses, no final de turno, um aluno saindo
rapidamente da sala de aula, exclamava “finalmente saindo deste presídio”. Para
este aluno a escola e a sala de aula representam uma prisão. Ele não se sente
motivado. Estudar o que está proposto no currículo é maçante, as coisas lá fora
são bem mais interessantes.
Procuro refletir sobre as práticas da prática
educativa junto. No primeiro bimestre deste ano letivo, junto dos alunos, refletimos
sobre a era digital, o uso adequando da tecnologia a partir de uns textos para
leitura e reflexão sobre A geração digital e o Perfil do Jovem Brasileiro, no
tema “ A globalização e a constituição das redes geográficas”.
Quais recursos utilizados pela geração digital? A
reflexão apontou que: o celular 99%, para os jovens o celular já faz parte da
indumentária, parece uma extensão do corpo físico e não podem sair sem ele. Se
ficarem sem o celular, entram em desespero, “ai meu deus parece que está
faltando alguma coisa”, “é mais fácil perder o filho do que o celular”. Utilizam para se comunicarem com os grupos
afins: de estudos, de trabalho, de futebol, ou utilizam para acesso a contas
bancárias, para compras, pagamento de contas. Já o computador (mais notebook) utilizam
para pesquisar conteúdos escolares, acessar vídeos no you tube tanto para os
estudos quanto para o lazer (seriados, filmes, documentários).
Outras questões para refletir: A era digital
significou um retrocesso na forma de pesquisar? Os estudantes não sabem
realizar uma pesquisa? Com a possibilidade de usar as teclas ctrl C e ctrl V os
estudantes nem se preocupam em ler o conteúdo? E os estudantes pontuam: Em
relação as pesquisas que realizam, primeiro procuram ver se o site é seguro
(observam o cadeado na linha de pesquisa); comparam os sites sugeridos pelo
google; procuram pesquisar em sites mais usados; os que apresentam menos
conteúdo, mais resumido; procuram sites que oferecem linguagem mais
compreensível, do nosso nível intelectual. E afirmam: “Saber a gente sabe pesquisar, não é que não
foi ensinado, o problema é a falta de tempo, a preguiça, a pouca vontade,
muitas vezes falta foco; e admitem que outras atividades são priorizadas, por
exemplo: futebol, trabalhos domésticos, ou na propriedade rural, alguns já
possuem trabalho assalariado, e acrescentam que dedicam muito tempo às redes
sociais – facebook, instagram, snapchat, whats app, msn, skype, youtube.
Por mais que eu, professora da educação básica
desde 2005 na disciplina de geografia, procure diversificar as formas de
ensinar, ainda percebo que não é agradável para muitos o ato de aprender. Me
questiono e me reinvento diariamente diante de tais argumentos. Percebo-me no
campo da educação em constante movimento para acompanhar a evolução da ciência
e das novas tecnologias.
Em nosso Estado, Santa Catarina, há um Plano
Estadual de Inovação e Tecnologias Educacionais. Importante ferramenta
apresentada neste sentido, e de amplo planejamento para o período de 2018 a
2022. São iniciativas para melhorar a qualidade da educação pública catarinense,
com investimentos em infraestrutura, construção de novas escolas, reformas e
melhorias nas já existentes. Outro objetivo é a qualificação contínua da gestão
das unidades estaduais, por meio de medidas como o Plano de Gestão Escolar. Os
gestores reconhecem que A área da educação é essencial para desenvolver a
sociedade de Santa Catarina plenamente e que é preciso educar para garantir
oportunidades iguais e para promover um estado cada vez mais justo e
democrático para todos.
Discutem, admitem e discursam, mas assim como
aquele jovem se sente em uma prisão, em plena era digital a educação básica
representa uma encruzilhada, pois o mundo fora da escola oferece outras possibilidades
muito mais atrativas. Como equacionar essas questões na escola pública? E na
sala de aula? Ser professor desta geração é um desafio diário. Estamos diante
de várias encruzilhadas, e as vias da máquina pública são paralelas, pois do
mesmo modo que criam programas e planos de desenvolvimento, por outro lado
criam leis que desvirtuam o comportamento dos alunos, a formação e a carreira
dos professores.