segunda-feira, 30 de julho de 2018

A escola e a era digital: duas vias paralelas na rede pública de educação



Um dia desses, no final de turno, um aluno saindo rapidamente da sala de aula, exclamava “finalmente saindo deste presídio”. Para este aluno a escola e a sala de aula representam uma prisão. Ele não se sente motivado. Estudar o que está proposto no currículo é maçante, as coisas lá fora são bem mais interessantes.
Procuro refletir sobre as práticas da prática educativa junto. No primeiro bimestre deste ano letivo, junto dos alunos, refletimos sobre a era digital, o uso adequando da tecnologia a partir de uns textos para leitura e reflexão sobre A geração digital e o Perfil do Jovem Brasileiro, no tema “ A globalização e a constituição das redes geográficas”.
Quais recursos utilizados pela geração digital? A reflexão apontou que: o celular 99%, para os jovens o celular já faz parte da indumentária, parece uma extensão do corpo físico e não podem sair sem ele. Se ficarem sem o celular, entram em desespero, “ai meu deus parece que está faltando alguma coisa”, “é mais fácil perder o filho do que o celular”.  Utilizam para se comunicarem com os grupos afins: de estudos, de trabalho, de futebol, ou utilizam para acesso a contas bancárias, para compras, pagamento de contas. Já o computador (mais notebook) utilizam para pesquisar conteúdos escolares, acessar vídeos no you tube tanto para os estudos quanto para o lazer (seriados, filmes, documentários).
Outras questões para refletir: A era digital significou um retrocesso na forma de pesquisar? Os estudantes não sabem realizar uma pesquisa? Com a possibilidade de usar as teclas ctrl C e ctrl V os estudantes nem se preocupam em ler o conteúdo? E os estudantes pontuam: Em relação as pesquisas que realizam, primeiro procuram ver se o site é seguro (observam o cadeado na linha de pesquisa); comparam os sites sugeridos pelo google; procuram pesquisar em sites mais usados; os que apresentam menos conteúdo, mais resumido; procuram sites que oferecem linguagem mais compreensível, do nosso nível intelectual. E afirmam:  “Saber a gente sabe pesquisar, não é que não foi ensinado, o problema é a falta de tempo, a preguiça, a pouca vontade, muitas vezes falta foco; e admitem que outras atividades são priorizadas, por exemplo: futebol, trabalhos domésticos, ou na propriedade rural, alguns já possuem trabalho assalariado, e acrescentam que dedicam muito tempo às redes sociais – facebook, instagram, snapchat, whats app, msn, skype, youtube.
Por mais que eu, professora da educação básica desde 2005 na disciplina de geografia, procure diversificar as formas de ensinar, ainda percebo que não é agradável para muitos o ato de aprender. Me questiono e me reinvento diariamente diante de tais argumentos. Percebo-me no campo da educação em constante movimento para acompanhar a evolução da ciência e das novas tecnologias.
Em nosso Estado, Santa Catarina, há um Plano Estadual de Inovação e Tecnologias Educacionais. Importante ferramenta apresentada neste sentido, e de amplo planejamento para o período de 2018 a 2022. São iniciativas para melhorar a qualidade da educação pública catarinense, com investimentos em infraestrutura, construção de novas escolas, reformas e melhorias nas já existentes. Outro objetivo é a qualificação contínua da gestão das unidades estaduais, por meio de medidas como o Plano de Gestão Escolar. Os gestores reconhecem que A área da educação é essencial para desenvolver a sociedade de Santa Catarina plenamente e que é preciso educar para garantir oportunidades iguais e para promover um estado cada vez mais justo e democrático para todos.
Discutem, admitem e discursam, mas assim como aquele jovem se sente em uma prisão, em plena era digital a educação básica representa uma encruzilhada, pois o mundo fora da escola oferece outras possibilidades muito mais atrativas. Como equacionar essas questões na escola pública? E na sala de aula? Ser professor desta geração é um desafio diário. Estamos diante de várias encruzilhadas, e as vias da máquina pública são paralelas, pois do mesmo modo que criam programas e planos de desenvolvimento, por outro lado criam leis que desvirtuam o comportamento dos alunos, a formação e a carreira dos professores.

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