quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Quem é o professor? Vamos refletir.

         Eu do lado de cá da tela do computador, professora que sou,  participo de cursos de formação continuada e palestras, com o objetivo de adequar-me a atual situação e continuar levando aos estudantes, o conhecimento que compete ao componente curricular geografia, inserido na área das ciências humanas. Consciente de que o meu compromisso com a educação básica vai além de só conteúdos relacionados à geografia. Existe um mundo material e um mundo abstrato. Um mundo tátil e um mundo de imaginação.

Há exatamente cinco meses atrás, encerrávamos as atividades presenciais nas escolas. Ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo, nem tão pouco o que estaria por vir. Foram quinze dias de total isolamento escolar. Cada um na sua casa: alunos, professores e demais profissionais da educação. Nos primeiros dias, todos se comunicavam entre si pelo whats. Grupos se divertiam compartilhando piadinhas. Outros nos grupos, compartilhavam as atividades cotidianas, de quem está confinado em casa sem autorização para sair. Sim, nesses primeiros dias parecia que estávamos entrando em estado de sítio. Carros de som, em alto e bom tom, passavam pelas ruas com uma pessoa falando para todos permanecerem em casa, que não deveriam sair de dentro de suas casas pois “o vírus estava chegando e se alastrando velozmente”.  

Passados os primeiros quinze dias de impacto, novas orientações chegaram aos envolvidos na educação básica do nosso Estado. Professores foram acionados e convocados a participarem de uma formação não presencial para entender como seriam as aulas a partir do dia 06 de abril. Na primeira semana de abril tivemos cursos para aprendermos a lidar com as ferramentas disponibilizadas pela Secretaria de Estado. A participação dos professores foi em massa. As aulas eram lotadas. Todos comprometidos em proporcionar ao estudante a continuidade das aulas presenciais em um ambiente virtual.

Foi surpreendente a organização por parte da Secretaria de Educação. Na primeira semana mesmo, durante o período de estudo dos professores, nos foi informado que já estava criando nossos emails institucionais, e também as nossas salas aulas virtuais com todos nossos alunos. Sendo que os alunos também receberam um email institucional. Tudo foi criado a partir da matrícula de cada um, tanto de professor, quanto de aluno. Eu particularmente, vibrei com tudo isso. Tudo foi muito bem orquestrado, tendo como maestro nosso secretário de educação. O curso de formação continuada prosseguiu até dia 15 de maio, totalizando 40hs.

Desde o dia 17 de março, foram muitas adequações. No início era atividade que não acabava mais. Tanto para professores quanto para alunos. Todos estavam exaustos. Dias e dias a fio, escrevendo e reescrevendo planos de aula, preenchendo tabelas, realizando atividades para alunos, corrigindo, lançando notas, sistemas sendo adequados. Passados cinco meses, tudo parece estar mais tranquilo. Certamente a visão do mundo da educação também sofreu várias mudanças. A visão do nosso mundo quadrado, as quatro paredes da sala de aula, não pode mais ser vista sob a mesma perspectiva e com o mesmo ângulo de alcance.

Estar atuando como professora de geografia, componente curricular que amplia horizontes, que oferece uma percepção do planeta Terra, desde a sua concepção a 13,7 bilhões de anos e toda sua transformação física, bem como, todas as transformações que ocorreram nas civilizações e povos do mundo, o meu contentamento maior é vivenciar toda essa revolução na educação básica. Além disso, por ter especialização em mídias na educação, estar inserida nesse movimento é uma forma de expandir a experiência com as mídias e enriquecer o conteúdo que será disponibilizado aos estudantes.

Do mestrado em educação, com a pesquisa que objetivou investigar a distribuição das bolsas do Prouni para estudantes que tem por alternativa o ingresso no ensino superior, este momento é realmente uma vivencia única, necessária talvez, para que possa resultar em grandes mudanças no cenário educacional catarinense e brasileiro.

E a sociedade em geral percebe a profissão professor da mesma maneira? Ou mudou consideravelmente? Essa mudança inesperada no método de ensino, oportunizou reflexões dos alunos junto de seus familiares? Será que o professor agora vai ter mais importância para a vida dos estudantes e de toda a sociedade catarinense? Convido todos a refletir sobre essa questão: Quem é o professor? O que ele representa para a formação e evolução intelectual das nossas crianças?

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