quinta-feira, 26 de junho de 2008

O debate é bom. Por quê?

Desde a implantação da ditadura militar em 1964, as “Diretas Já” foi a melhor reação até então já vista, quando em março de 1983, um deputado, até então desconhecido pela maioria da população brasileira, apresentou uma emenda constitucional que propunha, para o ano de 1984, eleições diretas para a Presidência da República. Em poucos meses, Dante de Oliveira ficaria famoso como autor da Emenda das Diretas ou Emenda Dante de Oliveira. Vagarosamente, as Diretas Já, iam ganhando espaço nas ruas, primeiramente nas pequenas cidades e, posteriormente, nas grandes capitais brasileiras. O comício que marcou o início da campanha foi realizado em Goiânia, em junho de 1983, onde conseguiu reunir-se aproximadamente 5 mil pessoas.

Mas, o Brasil ainda estava sob comando dos militares, que haviam tomado o poder em 1964. O presidente da República era o general João Baptista Figueiredo. No plenário da Câmara dos Deputados, o clima era tenso. Os parlamentares aguardavam o início da votação da Emenda Constitucional nº. 5, de autoria do jovem deputado Dante de Oliveira, com a proposta de eleições diretas para presidente da República, suspensas há 20 anos. O deputado Ulysses Guimarães, conhecido como “Senhor Diretas”, usa uma gravata amarela. E antecipa, em discurso que seria interrompido 23 vezes pelos aplausos: “A Pátria é o povo e o povo vencerá. Pode ser hoje, pode ser amanhã, mas é inevitável. E não demora”.

Esses fatos aconteceram há tão pouco tempo, não é mesmo? E como conviver com esta liberdade democrática? Falta ainda aprender a pensar, articular e agir democraticamente. Esse pensar, articular e agir democraticamente se inicia em casa e na escola. Eu acredito que deve ser assim e é por isso que procuro provocar os alunos escolhendo assuntos pertinentes aos conteúdos de cada série. O debate é uma porta aberta para que aconteça o exercício da cidadania. Aprender a argumentar para exercer a democracia plena.

Por que o exercício do debate é libertador e porque incentiva uma visão crítica do mundo. O debate é uma arma contra a manipulação e o conformismo. A palavra debate tem sua origem na palavra embate= combate, disputa, LUTA, no nível do discurso – cruzar armas com as idéias sem pretender que os outros sejam reduzidos ao silêncio. O debate é um processo de diálogo que nasceu na Grécia – berço da filosofia e da democracia.

O debate é uma discussão oral ou escrita em que razões a favor e contra são colocadas em confronto, mas que mesmo informal, deve seguir algumas regras, e a primeira delas é respeitar quem está falando, esperar que haja conclusão a idéia, mesmo que não concorde com ela. Em debates há de se discutir idéias dos outros, e não os outros. É um confronto de argumentos ou raciocínios que tem por finalidade provar ou refutar determinado ponto de vista ou tese.

Para debater é fundamental posicionar-se, reunir argumentos para defender as próprias idéias realizando pesquisas, lendo, trocando idéias. O achismo é uma posição irritante que reduz a conversa ao um mero “é assim por que eu acho” – meramente pessoal. Ruim é não assumir as suas razões, nem aprofundá-las, ou ainda, temer o embate de idéias. É preciso estar alerta, aprender a ouvir, reconhecer as posições das pessoas e questionar a sua validade. O pensamento crítico é a resposta diante do cinismo de certas posições que pretendem “ganhar a qualquer custo.”

Debater é uma forma eficaz de nos vacinarmos contra a prepotência e a manipulação, daí a importância de estar atento às posições alheias checando as nossas e aprofundando o nosso ponto de vista para examinar os problemas sob diferentes aspectos. Isto é um processo, é um aprendizado diário. Debater é tornar fértil um campo de posicionamentos com inúmeras idéias circulando e que podem apresentar soluções práticas imediatas em lugares e instituições menores. Em se tratando de um país, “ser cidadão é algo que se aprende, e a cidadania se constrói: exercitando o diálogo, ouvindo e expondo idéias e argumentos, analisando-os, tomando atitudes e avaliando suas implicações’.

Nenhum comentário:

O GOSTO POR APRENDER E ENSINAR

                                                                                                    Os trabalhos apresentados na obra O gost...