segunda-feira, 16 de junho de 2008

O que é ser educador?

Diante de alguns dissabores da profissão nada melhor do que buscar alento em pensadores e histórias já vividas. Eu me embebedo neste néctar para suplantar as ânsias de uma pessoa que se depara com tantas fugas da essência de um educador.

Em um artigo sob o título, Primeira lição para os educadores Ruben Alves escreve com a sutileza de um sábio quando repassa os ensinamentos aos seus discípulos. E ele, por sua vez, também tem uma grande ressonância espiritual com Herman Hesse, que também era apaixonado pela educação. Declarou que, de todos os assuntos culturais, era o único que lhe interessava. Mas o curioso é que, ao mesmo tempo, ele sentia um horror pelas escolas - lugar onde as crianças eram deformadas. “Nós dois poderíamos ter sido amigos. Sentimos igual. A educação é a paixão que queima dentro de mim. E, no entanto, olho para as escolas com desconfiança...”

Pois eu acredito que nós três poderíamos ser amigos, pois partilho da mesma paixão e da tal desconfiança que está quase se tornando certeza. Estremeço em pensar no dia-a-dia de tantas crianças. Qual é a qualidade da educação? Quem está aprendendo o que? Quem está ensinando o que? As perguntas são banais e se espera respostas prontas tais como: a falta de verbas, a condição de indigência dos professores, o mau aproveitamento dos alunos, etc. Isto todo mundo sabe. “É um equívoco pensar que com mais verbas a educação ficará melhor, que os alunos aprenderão mais, que os professores ficarão mais felizes.Como é um equívoco pensar que, com panelas novas e caras, o mau cozinheiro fará comida boa. Educação não se faz com dinheiro. Se faz com inteligência.”

O que é inteligência? Qual é o enigma do conhecimento? Onde nasce o desejo de conhecer? Para que conhecer? Como conhecer? Quais forças arrancam da ignorância? Como transformar o homem em um pensador? Que poder é esse que transforma o cérebro? Quem tem este poder?

Há professores que amam seus alunos e proporcionam espaços de debate. Por que debater é bom. É saudável e permite a identificação de posições, a análise de opiniões e a discussão sobre elas. O debate pode ser libertador e pode incentivar uma visão crítica do mundo. Pode se tornar uma arma contra a manipulação e o conformismo. É o passaporte para a democracia e a vida em sociedade para quem ainda não sabe como pensar, articular e agir. É preciso aprender.

E para aprender é preciso pesquisar, estudar para saber argumentar. Um debate pode não apresentar soluções práticas imediatas, mas permite que fatos e problemas sejam equacionados, organizados, priorizados apresentados para o grupo e para o mundo sinalizando um começo para que os interessados em soluções encontrem forças para continuar lutando por suas idéias. E o fato é que a despeito de todas as coisas ruins e andando na direção contrária, há professores que amam os seus alunos e sentem prazer em ensinar e que tem o desejo de transformar seus alunos em pensadores, em pessoas inteiras.

“Acredito que o mais importante para a vida dos indivíduos e do país é a educação para que se saiba realmente o que é democracia. E ser educado não é ter diploma superior, e sim significa saber pensar. O fato de só repetir rotinas faz com que o pensamento paralise. “A nossa estupidez e preguiça nos levam a acreditar que aquilo que sempre foi feito de um certo jeito, deve ser o jeito certo de fazer. Mas os gregos sabiam diferente: sabiam que o conhecimento só se inicia quando o familiar deixa de ser familiar; quando nos espantamos diante dele; quando ele se transforma num enigma. "O que é conhecido com familiaridade", diz Hegel, "não é conhecido pelo simples fato de ser familiar".

Um comentário:

Rosa Sousa disse...

Parabéns pelo blog, não li tudo ainda, mas volto... é muito interessante.

O GOSTO POR APRENDER E ENSINAR

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