quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

A importância das Instituições Comunitárias de Ensino Superior. (26.05.2021)

            As ICES surgiram num período marcado por uma série de experiências entre universidade e sociedade, em consonância a essa premissa temos a Lei 5.540/68, de 28 de novembro de 1968 da Reforma Universitária de 1968 e seus artigos 20 e 40. Em nível mundial, vivia-se sob o conflito denominado de Guerra Fria, e podemos dizer que diversos setores da sociedade centralizavam suas preocupações na propagação das ideias comunistas e, por outro viés, a crescente influência dos Estados Unidos. No Brasil, essas duas ideologias se constituíram na base de sustentação dos governos que se sucederam até 1964, impactaram o ensino superior, condicionando as tendências que marcaram seu desenvolvimento e sua expansão por todo o país durante esse período.

Até 1961, “a visão ideológica caracterizava-se dominantemente como progressista, industrialista, modernizadora, correspondente, portanto, a uma burguesia que se queria esclarecida” (SAVIANI, 2013 p. 305); Dourado (2001, p. 39) afirma que a política desenvolvimentista, adotada pelo Estado é resultante do processo de monopolização e acelera a expansão do ensino, especificamente do ensino superior, no período 1946-1964. Segundo Martins (2000, p. 42), a expansão era necessária, pois o sistema de ensino superior contava com não mais que uma centena de instituições, em sua maioria, localizadas predominantemente nos centros urbanos, voltadas para “a reprodução de quadros da elite nacional”.

As ICES do oeste catarinense foram criadas sob a égide das relações capitalistas de mercado, na década de 1960, e se instalaram estrategicamente, para além da faixa litorânea, no interior do Estado, por conta da ausência de políticas públicas de interiorização da educação superior, e constituíram-se num modelo singular, diferenciado dos tradicionais modelos contemplados pela legislação brasileira. Tratou-se de uma iniciativa longe do núcleo centrar de decisões, da periferia, “de vozes e vontades que querem se fazer ouvir e participar da construção de um espaço de educação, socialmente mais amplo e democrático” (FRANTZ, 2002, p. 3).

Obviamente, as IES de caráter comunitário surgiram a partir da organização das comunidades onde estão inseridas, visando ampliar a oferta e o acesso, para atender à demanda por ensino superior no interior do Estado e para atender à política desenvolvimentista industrial vigente.

Com o objetivo atender às demandas da educação superior, em fins da década de 1960 e início da década de 1970, as ICES do Oeste catarinense foram se constituindo “entidades sem fins lucrativos, com a missão de promover a integração dos esforços de consolidação das instituições de ensino superior por elas mantidas, de executar atividades de suporte técnico-operacional e de representá-las junto aos órgãos dos Governos Estadual e Federal” (ACAFE, 1974/2014). Atualmente, são dezesseis instituições associadas que fazem parte de um sistema singular de educação superior, a Acafe – Associação Catarinense das Fundações Educacionais, fundada em 1974.

EU e as ICES.

O sonho juvenil de fazer faculdade logo após concluir o segundo grau, atualmente, ensino médio, foi o início da busca de universidades e cursos. Foram algumas tentativas de entrar em uma universidade federal. No entanto a concorrência era grande. Eu me dedicava aos estudos, fiz até cursinho pré-vestibular, mas não obtive êxito.

Então busquei alternativa. Num dos primeiros vestibulares, na Unisinos, no início da década de 1980, fiz algumas disciplinas no curso de Administração de Empresas. Morava e trabalhava em Porto Alegre. Percorria o trajeto de ônibus todas as noites. Por isso essa rotina ficou pesada, e precisei escolher entre trabalhar e estudar. Escolhi o trabalho.

Passaram alguns anos. Morando em Balneário Camboriú, resolvi voltar para a universidade. Já iniciava a década de 1990. Fiz vestibular e passei no curso de Hotelaria e Turismo, na Univali. Dois anos depois, me encontrei novamente na encruzilhada, entre o trabalho e os estudos. Interrompi mais uma vez o curso superior.  

Mais alguns anos se passaram e minha vida tomou outro rumo. No início da década dos anos 2000, a vontade de estudar não me abandonou e voltei para a universidade. Fiz uma escolha levando em consideração alguns gostos, até então escamoteados nas estradas percorridas. Escolhi o curso de licenciatura plena em geografia, na URI em Erechim, RS.

Não parei mais de estudar. Fui para o Mestrado na Unoesc em Joaçaba, SC. Foi então que eu descobri, na minha pesquisa para a dissertação, que as ICES foram muito importantes na minha trajetória acadêmica. Unisinos, Univali, URI e Unoesc, fazem parte deste conjunto de instituições denominadas de comunitárias.

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