E por que não trazer para o debate este tema tão pertinente ao momento? Segundo o IBGE, o número de mulheres no Brasil é maior que o número de homens, porém, em contrapartida, o nosso país possui uma representatividade política feminina muito baixa, devido à exclusão histórica das mulheres na política. Desde o início dos tempos as mulheres vêm sendo inferiorizadas, economicamente, culturalmente, politicamente e intelectualmente. Mito presente em nossa sociedade desde o seu início até os dias de hoje?
Algumas pessoas apontam a “superioridade” masculina como algo natural,
ou seja, “Os homens são socialmente superiores, pois são naturalmente
superiores”, porém, a grande responsável por esse feito é a sociedade. Na
sociedade primitiva as mulheres governavam a vida social dos demais, diferente
dessa situação em que nos encontramos hoje. Os primatas não tinham nenhum
sentimento opressor ou discriminatório. A sociedade primitiva era igualitária.
A maternidade era vista por eles como um dom dos Deuses.
Devido a algumas atividades como a caça, os homens ficavam longe de
suas aldeias por longos períodos, dessa forma, as mulheres acabaram por
desenvolver outras práticas produtivas para sua sobrevivência como a
agricultura. Dessa forma, elas acabaram conquistando certa emancipação dos
homens, aumentaram-se os alimentos e consequentemente a população também. E por
muito tempo, essa harmonia entre homens e mulheres foi realidade, conseguia
ampliar sua sociedade, o bem-estar social, entre outros benefícios.
Podemos referenciar o povo ateniense, que, mesmo sendo a origem da
democracia, reduziam a participação da mulher, era educada para o mundo
doméstico e o pai escolhia seu marido. Após o casamento a subserviência
feminina era destinada ao marido, e apesar das reformas políticas, não
participavam das questões por serem consideradas inaptas para esse tipo de
tarefa.
Na revolução agrícola, do período neolítico, as mulheres eram
responsáveis pela coleta dos frutos e das raízes. Durante grande parte da história,
a agricultura foi a principal ocupação, e as mulheres realizavam tarefas
fisicamente exigentes, como moer grãos à mão com uma pedra, carregar água,
recolher madeira, entre outras. Neste período já acumulavam atividades dentro e
fora do lar.
No período da Primeira Revolução Industrial, século XVIII, ocorreu a transformação
da economia agrária e artesanal para a economia industrial, redefinindo
significativamente os papéis sociais de homens, mulheres e crianças. Ocorreu uma
nova divisão do trabalho, onde o trabalho agrícola separou-se do trabalho
industrial urbano, e o trabalho manual do trabalho intelectual. Até mesmo as invenções
das mulheres, foram sendo apossadas por homens, os quais assumiam cargos mais
importantes. Restou para a mulher, as funções biológicas, sendo excluídas da
vida social.
Um marco muito importante para a história, foi o direito ao voto, no
Brasil aprovado pelo Decreto n° 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, diz que, “É
eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma deste
Código” (art.2). De lá para cá, muitas mudanças aconteceram. As mulheres saíram
de suas casas, das atividades domésticas, dos cuidados com o lar, e passaram a
conquistar, lentamente, direitos que lhes foram negados.
Não
podemos afirmar que há superioridade masculina ou feminina sem levar em conta
os fatores históricos. No desenrolar da história tivemos períodos em que a
superioridade feminina falava mais alto e momentos onde a supremacia esteve nas
mãos masculinas. Dessa forma, é errado firmar um sexo como superior ou
inferior, nossa sociedade não faz isso, porém, ela é exageradamente desigual.
Essa breve retrospectiva para
entender a pouca representatividade da mulher na política. No entanto podemos
observar algumas pesquisas que demonstram avanços. Na Índia por exemplo, as
Assembleias que elegeram mais mulheres acabaram tendo vários pontos positivos
onde diminuiu a taxa de mortalidade, aumentou o número de alfabetização, dentre
outros impactos. Isso se deve ao fato de elas focarem em políticas públicas que
enfatizam a educação e a saúde. Há comprovações também quanto à corrupção.
Quanto maior o número de mulheres em um parlamento, menor é o índice de
corrupção.
Outro estudo mostra que o Brasil é
um dos piores países em termos de representatividade política feminina onde
cerca de apenas uma em sete cadeiras de vereadores é ocupada por mulheres, e
esses números podem ficar piores se levarmos em consideração o Congresso
Nacional, onde apenas 10% de todo ele é constituído por “elas”.
Por tudo o que vemos em nosso
país, no que se refere à corrupção e a falta de políticas públicas consistentes
para melhorar a participação das mulheres em todas as causas humanas, é
fundamental que nos conscientizemos, e que tenhamos um olhar responsável para
as mulheres que se dispõe a servir seus municípios se colocam à disposição para
cargos políticos. Vamos eleger mulheres!
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