sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

O movimento da volta às aulas – 2021 ano de mais desafios. (09.02.2021)

         Vivemos em um mundo de distrações e a capacidade de se concentrar é necessária para qualquer um que deseja realizar seus objetivos com sucesso, seja quem for. Do estudante ao professor, do mestre de obras ao engenheiro, dos serviços gerais aos gestores, do paciente ao doutor, e assim é, em todas as funções e profissões.

Para muitos a influência de estímulos externos, tanto auditivos quanto visuais, pode ser uma grande distração. A maioria das pessoas mantém seu telefone e outros equipamentos eletrônicos por perto o tempo todo, o que pode dificultar a concentração, quando chamadas mensagens e notificações estão constantemente aparecendo. Além da constante conexão com a tecnologia, o som das pessaos falando , a televisão ligada ao fundo, ou até mesmo os sons agradáveis como a música podem dificultar a concentração do cérebro na tarefa em questão.

Para outros, a influência de estímulos internos pode dificultar o foco. Estímulos internos, como divagações, devaneios ou confusão, podem dificultar a organização dos pensamentos. Quer sejam estímulos externos ou internos, ou os dois, pode ser complicado fazer determinadas coisas quando se luta para manter o senso de foco.

Quando falta foco, a qualidade de vida pode sofrer. A incapacidade de se concentrar não só dificulta a gestão do tempo, como também pode causar estresse resultando menor desempenho no trabalho, nos estudos, na conclusão de tarefas importantes,  e pode causar sensação geral de confusão. Este é um dos maiores desafios da atualidade na educação. Como equilibrar as distrações internas e externas para que o senso de foco se sobressaia? Um caminho é o planejamento?

 

Curso de formação e preparação para o retorno às aulas presenciais

Para os professores é um período de curso de formação e preparação para o retorno às aulas na educação básica. O texto sobre a importância do planejamento escolar, do processo de  ensino aprendizagem, disponibilizado a todos que estão inseridos no contexto da Rede Estadual de Ensino de SC, deixou claro que a delimitação do que ensinar está na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e no CBTC. e o “para quê” ensinar na Proposta Curricular de Santa Catarina.  

O planejamento dirigido a um determinado público, deve contemplar objetivos,  metas, estratégias, ações, instrumentos e resultados articulados, com o intuito de ampliar as possibilidades de participação dos agentes e colaboradores ao desenvolverem e avaliarem os  processos. Com isso, evita-se  espontaneísmos, improvisações ou ações fragmentadas e desarticuladas entre o pensar e  o fazer, o que é determinante para o êxito da educação escolar, ou  seja, das aprendizagens enquanto resultado do trabalho coletivo.

Na educação escolar a intencionalidade é um dos princípios do processo ensino aprendizagem. Se uma proposta educacional visa formar o ser humano para  um determinado tipo de sociedade, todo planejamento tem de ser orientado por questões  fundamentais, tais como: Que sociedade desejamos construir? Que tipo de sujeito  desejamos formar? Que competências e habilidades devem ser desenvolvidas e que  objetos de conhecimento/conceitos devem ser trabalhados com os estudantes para que  possam participar ativa e responsavelmente da construção da sociedade almejada? 

A diversidade como princípio formativo, a formação integral dos sujeitos, ou seja, o desenvolvimento de todas as potencialidades  humanas: físicas/motoras, emocionais/afetivas, artísticas, linguísticas, expressivo sociais,  cognitivas, dentre outras, são evidencias que  consideram a emancipação, a autonomia e a liberdade como pressupostos para uma  cidadania ativa e crítica, que possibilite o desenvolvimento humano pleno e a apropriação  crítica do conhecimento e da cultura. São objetivos e competências a serem  desenvolvidas durante o percurso formativo da Educação Básica, definidas na BNCC e no  CBTC como princípios orientadores e metas a serem alcançadas.

  

De onde partir para planejar 2021?

Conforme autores citados no texto e documentos que orientam a educação básica no Brasil e no Estado seguem algumas considerações sobre planejamento. “Começar com o fim em mente significa iniciar com uma compreensão clara do seu destino.  Significa saber para onde você está indo de modo que compreenda melhor onde você  se encontra no momento para que seus passos sejam sempre na direção certa”. (COVEY in WIGGINS et al, 2019, p. 1) . No contexto do planejamento do ensino, cujo foco é possibilitar o desenvolvimento  da aprendizagem, Wiggins & McTighe (2019) denominam essa perspectiva, que parte de  perguntas, de planejamento reverso. Para esses autores, “o planejamento precisa  transformar esses objetivos em tarefas e critérios práticos e inteligíveis que o aluno possa  entender o mais rápido possível”. (p. 194)  Wiggins & McTighe (2019) afirmam ser necessário identificar os resultados  desejados, determinar evidências (da aprendizagem do estudante) aceitáveis, planejar  experiências de aprendizagem e orientação.

Um bom planejamento, segundo Wiggins & McTighe (2019) tem menos a ver com a  aquisição de novas habilidades técnicas e mais com aprender a refletir sobre nossos  objetivos e suas implicações. O planejamento de ensino deliberado e focado requer que nós, como professores e autores do currículo, façamos uma mudança importante em nosso pensamento sobre a natureza de nosso trabalho. A mudança envolve inicialmente pensar muito sobre as aprendizagens almejadas, antes de pensar sobre o que nós, como professores, vamos fazer ou oferecer nas  atividades de ensino e aprendizagem. (WIGGINS; MCTIGHE, 2019, p. 24)

Tanto a PCSC como o CBTC enfatizam a importância do planejamento docente,  instrumento que apoia e orienta o desenvolvimento do pensamento complexo, envolvendo  os diferentes eixos e componentes curriculares (interdisciplinar e inter áreas), articulado aos  diferentes campos de atuação. A investigação, a pesquisa, (claro, adequada a cada etapa  ou modalidade de ensino), deve permear todo o percurso formativo, quando do  planejamento de diferentes situações desencadeadoras de aprendizagem. (SANTA  CATARINA, 2014; 2019)

Durante o percurso, os estudantes precisam ser instigados pelo(a) professor(a) a  refletir sobre seus erros e acertos, compreender as causas dos erros e buscar estratégias  para chegar ao objetivo proposto no planejamento, a fim de que se tornem autônomos  nesse processo. A autoavaliação, por exemplo, permite o “desenvolvimento da  responsabilidade (...) assim como o compromisso com o estudo”. (CBTC/SC, 2019, p. 351)

 Vamos refletir?

 No atual contexto de incertezas, planejar o processo de ensino aprendizagem, elencando conteúdos e conceitos que desenvolvam as habilidades e competências da BNCC e CBTC, definindo aprendizagens essenciais, com potencial para ampliar os horizontes de compreensão do estudante e a consciência ética e cidadã, vai muito além do que simplesmente digitar num documento modelo, previamente formatado, um plano de ensino anual.

O planejamento escolar é muito mais do que simplesmente relacionar competências, habilidades, objeto de conhecimento e conteúdos. “Antes de mais nada, fazer planejamento é refletir sobre os desafios da realidade da escola e da sala de aula, perceber as necessidades , ressignificar o trabalho, buscar forma de enfrentamento e comprometer-se com a transformação da prática.” (VASCONCELLOS, 1995 p. 58) Estamos voltando às aulas presenciais com distanciamento pessoal, mascarados e cheios de produtos químicos que repelem o outro. Como então pensar em contribuir para a formação do ser humano e a sociedade que queremos formar? Afinal, que sociedade está por vir?

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