Vivemos em um mundo de distrações e a capacidade de se concentrar é necessária para qualquer um que deseja realizar seus objetivos com sucesso, seja quem for. Do estudante ao professor, do mestre de obras ao engenheiro, dos serviços gerais aos gestores, do paciente ao doutor, e assim é, em todas as funções e profissões.
Para muitos a influência de estímulos externos, tanto auditivos quanto
visuais, pode ser uma grande distração. A maioria das pessoas mantém seu
telefone e outros equipamentos eletrônicos por perto o tempo todo, o que pode
dificultar a concentração, quando chamadas mensagens e notificações estão
constantemente aparecendo. Além da constante conexão com a tecnologia, o som
das pessaos falando , a televisão ligada ao fundo, ou até mesmo os sons
agradáveis como a música podem dificultar a concentração do cérebro na tarefa
em questão.
Para outros, a influência de estímulos internos pode dificultar o foco.
Estímulos internos, como divagações, devaneios ou confusão, podem dificultar a
organização dos pensamentos. Quer sejam estímulos externos ou internos, ou os dois,
pode ser complicado fazer determinadas coisas quando se luta para manter o
senso de foco.
Quando falta foco, a qualidade de vida pode sofrer. A incapacidade de se concentrar não só dificulta a gestão do tempo, como também pode causar estresse resultando menor desempenho no trabalho, nos estudos, na conclusão de tarefas importantes, e pode causar sensação geral de confusão. Este é um dos maiores desafios da atualidade na educação. Como equilibrar as distrações internas e externas para que o senso de foco se sobressaia? Um caminho é o planejamento?
Curso de formação e preparação
para o retorno às aulas presenciais
Para os professores é um período de curso de formação e preparação
para o retorno às aulas na educação básica. O texto sobre a importância do
planejamento escolar, do processo de
ensino aprendizagem, disponibilizado a todos que estão inseridos no
contexto da Rede Estadual de Ensino de SC, deixou claro que a delimitação do
que ensinar está na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e no CBTC. e o “para
quê” ensinar na Proposta Curricular de Santa Catarina.
O planejamento dirigido a um determinado público, deve contemplar
objetivos, metas, estratégias, ações,
instrumentos e resultados articulados, com o intuito de ampliar as possibilidades
de participação dos agentes e colaboradores ao desenvolverem e avaliarem
os processos. Com isso, evita-se espontaneísmos, improvisações ou ações
fragmentadas e desarticuladas entre o pensar e
o fazer, o que é determinante para o êxito da educação escolar, ou seja, das aprendizagens enquanto resultado do
trabalho coletivo.
Na educação escolar a intencionalidade é um dos princípios do processo
ensino aprendizagem. Se uma proposta educacional visa formar o ser humano
para um determinado tipo de sociedade,
todo planejamento tem de ser orientado por questões fundamentais, tais como: Que sociedade
desejamos construir? Que tipo de sujeito
desejamos formar? Que competências e habilidades devem ser desenvolvidas
e que objetos de conhecimento/conceitos
devem ser trabalhados com os estudantes para que possam participar ativa e responsavelmente da
construção da sociedade almejada?
A diversidade como princípio formativo, a formação integral dos
sujeitos, ou seja, o desenvolvimento de todas as potencialidades humanas: físicas/motoras,
emocionais/afetivas, artísticas, linguísticas, expressivo sociais, cognitivas, dentre outras, são evidencias que consideram a emancipação, a autonomia e a
liberdade como pressupostos para uma
cidadania ativa e crítica, que possibilite o desenvolvimento humano
pleno e a apropriação crítica do
conhecimento e da cultura. São objetivos e competências a serem desenvolvidas durante o percurso formativo da
Educação Básica, definidas na BNCC e no
CBTC como princípios orientadores e metas a serem alcançadas.
De onde partir para planejar 2021?
Conforme autores citados no texto e documentos que orientam a educação
básica no Brasil e no Estado seguem algumas considerações sobre planejamento. “Começar
com o fim em mente significa iniciar com uma compreensão clara do seu
destino. Significa saber para onde você
está indo de modo que compreenda melhor onde você se encontra no momento para que seus passos
sejam sempre na direção certa”. (COVEY in WIGGINS et al, 2019, p. 1) . No
contexto do planejamento do ensino, cujo foco é possibilitar o
desenvolvimento da aprendizagem, Wiggins
& McTighe (2019) denominam essa perspectiva, que parte de perguntas, de planejamento reverso. Para
esses autores, “o planejamento precisa
transformar esses objetivos em tarefas e critérios práticos e
inteligíveis que o aluno possa entender
o mais rápido possível”. (p. 194) Wiggins
& McTighe (2019) afirmam ser necessário identificar os resultados desejados, determinar evidências (da
aprendizagem do estudante) aceitáveis, planejar
experiências de aprendizagem e orientação.
Um bom planejamento, segundo Wiggins & McTighe (2019) tem menos a
ver com a aquisição de novas habilidades
técnicas e mais com aprender a refletir sobre nossos objetivos e suas implicações. O planejamento
de ensino deliberado e focado requer que nós, como professores e autores do
currículo, façamos uma mudança importante em nosso pensamento sobre a natureza
de nosso trabalho. A mudança envolve inicialmente pensar muito sobre as
aprendizagens almejadas, antes de pensar sobre o que nós, como professores,
vamos fazer ou oferecer nas atividades
de ensino e aprendizagem. (WIGGINS; MCTIGHE, 2019, p. 24)
Tanto a PCSC como o CBTC enfatizam a importância do planejamento
docente, instrumento que apoia e orienta
o desenvolvimento do pensamento complexo, envolvendo os diferentes eixos e componentes
curriculares (interdisciplinar e inter áreas), articulado aos diferentes campos de atuação. A investigação,
a pesquisa, (claro, adequada a cada etapa
ou modalidade de ensino), deve permear todo o percurso formativo, quando
do planejamento de diferentes situações
desencadeadoras de aprendizagem. (SANTA
CATARINA, 2014; 2019)
Durante o percurso, os estudantes precisam ser instigados pelo(a)
professor(a) a refletir sobre seus erros
e acertos, compreender as causas dos erros e buscar estratégias para chegar ao objetivo proposto no
planejamento, a fim de que se tornem autônomos nesse processo. A autoavaliação, por exemplo,
permite o “desenvolvimento da
responsabilidade (...) assim como o compromisso com o estudo”. (CBTC/SC,
2019, p. 351)
O planejamento escolar é muito mais do que simplesmente relacionar
competências, habilidades, objeto de conhecimento e conteúdos. “Antes de mais
nada, fazer planejamento é refletir sobre os desafios da realidade da escola e
da sala de aula, perceber as necessidades , ressignificar o trabalho, buscar
forma de enfrentamento e comprometer-se com a transformação da prática.”
(VASCONCELLOS, 1995 p. 58) Estamos voltando às aulas presenciais com
distanciamento pessoal, mascarados e cheios de produtos químicos que repelem o
outro. Como então pensar em contribuir para a formação do ser humano e a sociedade
que queremos formar? Afinal, que sociedade está por vir?
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