sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

O poder da espontaneidade. (12.02.2021)

         A proposta a partir deste conceito é atuar na vida com a possibilidade de sermos totais em cada ação. Ao nos  permitirmos ser espontâneos em cada ação, seja no choro, no riso, no caminhar, seremos inteiro e totais. O ato total é o ato revestido de grande poder, e com uma grande energia canalizada pela espontaneidade. A espontaneidade é uma característica das pessoas que são verdadeiras, que agem com naturalidade, sem fingirem ser o que não são. E, embora seja uma qualidade bastante positiva, é importante tomar alguns cuidados para evitar pecar pelo excesso e fazer com que o seu jeito espontâneo de ser, acabe gerando problemas e situações embaraçosas.

Há um imenso poder manifestado quando somos capazes de nos mantermos livres de tensões internas. Esse poder é o poder da espontaneidade, algo realmente muito espiritual. Na espontaneidade há a capacidade de sermos naturalmente nós, em todos os momentos, sem comportamentos programados, sem premeditar e sem arquitetar o seu desempenho, apenas fluir com o momento. O ser natural é aquele que está em alinhamento com a natureza da vida e portanto se torna inevitavelmente um canal ativo da própria inteligência da vida.

Aqueles que sabem dosar sua espontaneidade costumam ser vistos como divertidos, criativos e simpáticos, pessoas que deixam a sua marca por onde passam e são sempre lembradas. Se formos parar para analisar, iremos constatar que trata-se de uma característica comum às crianças, que falam o que pensam sem tabus e sem medo de serem julgadas. Nesse sentido, um indivíduo espontâneo é aquele que carregou esse traço tão interessante consigo mesmo após se tornar adulto e sabe usá-lo a seu favor.

O principal benefício de ser espontâneo é viver de acordo com a própria verdade, evitando fazer escolhas que não condizem com o que deseja apenas para evitar ser mal visto. Desse modo, uma pessoa que possui essa característica tem pouquíssimas chances de aceitar um convite que não gostaria, apenas para manter as aparências, isso porque a sua sinceridade sempre fala mais alto e acaba deixando claro o que realmente deseja.

              Outra vantagem de ser espontâneo inclui não se levar tão a sério, saber se divertir com as situações e viver com mais leveza, rindo de si mesmo ao cometer um erro ao invés de se lamentar e se crucificar, porque é assim que poderá aprender a lição e evoluir.

              Todavia é muito importante também, considerar os obstáculos internos que impedem de ser espontâneo. Quais seriam os principais obstáculos internos? A pressão da normalidade internalizada, os comportamentos forjados em busca de recompensa, isto é, terceirizar auto estima; e a expectativa mantida em relação a situação e pessoas; e, principalmente o querer ativo que se expressa com ansiedade.

O quanto de recompensa emocional precisamos? Será que realmente precisamos de recompensa emocional? Em outras palavras, o quão dependente emocionalmente estamos nos colocando em relação a pessoas e situações? Se observarmos as crianças ou os animais de estimação, podemos perceber que eles vivem naturalmente regidos pelo princípio da acão espontânea, a ação que emerge de todo um estado natura.

O modo de vida espontâneo pode ser também definido como um modo de vida sem o exercício do controle. Pode soar estranho para a razão a proposta paradoxal, pois para desenvolver o controle sobre seu destino é preciso perder o controle sobre as coisas e soltar completamente. À medida que vamos nos acostumando e refinando o entendimento da importância de um modo de vida mais leve, e do exercício da ação espontânea, veremos que a restauração da fidelidade com a nossa natureza nos garante uma vida plenamente bem-sucedida.

O primeiro obstáculo que nos privam da espontaneidade é a normalidade internalizada, e se refere ao conjunto de parâmetros e normas que introjetamos, que levamos para dentro e que deformam a leitura de quem somos para nós mesmos. Normalidade representa a pressão de sermos iguais alguma coisa o que obviamente nos causa prejuízos enormes se compromete a nossa saúde interior e emocional.

Tal pressão interior é um dos motivos que mais adoece a mente humana, refletindo na expressão de múltiplas disfunções tidas como normais nos dias de hoje, como depressão, síndrome do pânico, o medo crônico e infundado, ansiedade também crônica, e fundamentalmente o desânimo e desmotivação crônicos que muitas pessoas vivem. A libertação na pressão da normalidade se dá pela conscientização de que a normalidade, o exercício de ser igual alguma coisa lhe adoece, e em seguida, a escolha consciente de trilhar o caminho da nossa própria natureza. O comprometimento e a coragem de ser si mesmo, por mais que nos custe muita rejeição das pessoas, é essencial.

O segundo obstáculo, envolve a terceirização da auto estima que nos leva a forjar a falsificar comportamentos para agradar e então obter a recompensa emocional para se sentir melhor isto é colocaram outro como responsável do seu bem-estar. Quando se entra nesse jogo neurótico, nos prendemos emocionalmente às pessoas, anulamos a nossa naturalidade, e consequentemente, a nossa espontaneidade, porque agora devemos ser o que as pessoas exigem. Se há a exercício de ser algo para alguém não poderá haver a expressão da espontaneidade. Não será possível praticar a ação sem ação. A negação da espontaneidade sufoca a alma.

O terceiro obstáculo é a expectativa que se faz em relação a pessoas e coisas. Aqui também temos a terceirização da auto estima.  Expectativa é esperar que as minhas ideologias sejam correspondidas para que nos permita viver o bem-estar, que já é nosso. Avaliando de forma mais detalhada essa questão, o problema não é em si as ideologias de como as coisas e pessoas devam ser para que possamos ficar bem. O problema é a dependência mantida a algo externo, o ato de se tornar refém de algo que você não tem controle. A expectativa mantém preso a uma atenção interior que lhe priva também da sua natureza pois o contato com a sua natureza depende fundamentalmente que você esteja livre e completamente solto internamente.

O outro obstáculo dessa relação é o querer ativo, que traduzimos como ansiedade. O  ansioso é o indivíduo que se mantém com seu querer ativo.  Se ele mantém o querer ativo ele está num processo crônico de controle e portanto está negando o princípio da ação sem ação, ou seja, enquanto houver controle não haverá espontaneidade. Uma coisa é querer algo, no sentido de ter clareza do que se almeja atingir, outra coisa é o querer ativo, a ansiedade, o movimento que o torna obcecado.

Convido-os a continuar pensando neste assunto. Os textos desta, da edição anterior, e da próxima, estão fundamentados nas aulas do professor Horácio Frazão, na jornada de autoconhecimento e a partir da sua percepção de mundo, disponível no Portal Metaflix https://horaciofrazao.metaflix.com.br/.

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