A proposta a partir deste conceito é atuar na vida com a possibilidade de sermos totais em cada ação. Ao nos permitirmos ser espontâneos em cada ação, seja no choro, no riso, no caminhar, seremos inteiro e totais. O ato total é o ato revestido de grande poder, e com uma grande energia canalizada pela espontaneidade. A espontaneidade é uma característica das pessoas que são verdadeiras, que agem com naturalidade, sem fingirem ser o que não são. E, embora seja uma qualidade bastante positiva, é importante tomar alguns cuidados para evitar pecar pelo excesso e fazer com que o seu jeito espontâneo de ser, acabe gerando problemas e situações embaraçosas.
Há um imenso poder manifestado quando somos capazes de nos mantermos
livres de tensões internas. Esse poder é o poder da espontaneidade, algo
realmente muito espiritual. Na espontaneidade há a capacidade de sermos
naturalmente nós, em todos os momentos, sem comportamentos programados, sem premeditar
e sem arquitetar o seu desempenho, apenas fluir com o momento. O ser natural é
aquele que está em alinhamento com a natureza da vida e portanto se torna
inevitavelmente um canal ativo da própria inteligência da vida.
Aqueles que sabem dosar sua espontaneidade costumam ser vistos como
divertidos, criativos e simpáticos, pessoas que deixam a sua marca por onde
passam e são sempre lembradas. Se formos parar para analisar, iremos constatar
que trata-se de uma característica comum às crianças, que falam o que pensam
sem tabus e sem medo de serem julgadas. Nesse sentido, um indivíduo espontâneo
é aquele que carregou esse traço tão interessante consigo mesmo após se tornar
adulto e sabe usá-lo a seu favor.
O principal benefício de ser espontâneo é viver de acordo com a própria
verdade, evitando fazer escolhas que não condizem com o que deseja apenas para
evitar ser mal visto. Desse modo, uma pessoa que possui essa característica tem
pouquíssimas chances de aceitar um convite que não gostaria, apenas para manter
as aparências, isso porque a sua sinceridade sempre fala mais alto e acaba
deixando claro o que realmente deseja.
Outra vantagem de ser espontâneo
inclui não se levar tão a sério, saber se divertir com as situações e viver com
mais leveza, rindo de si mesmo ao cometer um erro ao invés de se lamentar e se
crucificar, porque é assim que poderá aprender a lição e evoluir.
Todavia é muito importante também,
considerar os obstáculos internos que impedem de ser espontâneo. Quais seriam os
principais obstáculos internos? A pressão da normalidade internalizada, os
comportamentos forjados em busca de recompensa, isto é, terceirizar auto estima;
e a expectativa mantida em relação a situação e pessoas; e, principalmente o
querer ativo que se expressa com ansiedade.
O quanto de recompensa emocional precisamos? Será que realmente
precisamos de recompensa emocional? Em outras palavras, o quão dependente
emocionalmente estamos nos colocando em relação a pessoas e situações? Se
observarmos as crianças ou os animais de estimação, podemos perceber que eles
vivem naturalmente regidos pelo princípio da acão espontânea, a ação que emerge
de todo um estado natura.
O modo de vida espontâneo pode ser também definido como um modo de vida
sem o exercício do controle. Pode soar estranho para a razão a proposta
paradoxal, pois para desenvolver o controle sobre seu destino é preciso perder
o controle sobre as coisas e soltar completamente. À medida que vamos nos
acostumando e refinando o entendimento da importância de um modo de vida mais
leve, e do exercício da ação espontânea, veremos que a restauração da
fidelidade com a nossa natureza nos garante uma vida plenamente bem-sucedida.
O primeiro obstáculo que nos privam da espontaneidade é a normalidade
internalizada, e se refere ao conjunto de parâmetros e normas que introjetamos,
que levamos para dentro e que deformam a leitura de quem somos para nós mesmos.
Normalidade representa a pressão de sermos iguais alguma coisa o que obviamente
nos causa prejuízos enormes se compromete a nossa saúde interior e emocional.
Tal pressão interior é um dos motivos que mais adoece a mente humana,
refletindo na expressão de múltiplas disfunções tidas como normais nos dias de
hoje, como depressão, síndrome do pânico, o medo crônico e infundado, ansiedade
também crônica, e fundamentalmente o desânimo e desmotivação crônicos que
muitas pessoas vivem. A libertação na pressão da normalidade se dá pela
conscientização de que a normalidade, o exercício de ser igual alguma coisa lhe
adoece, e em seguida, a escolha consciente de trilhar o caminho da nossa
própria natureza. O comprometimento e a coragem de ser si mesmo, por mais que
nos custe muita rejeição das pessoas, é essencial.
O segundo obstáculo, envolve a terceirização da auto estima que nos
leva a forjar a falsificar comportamentos para agradar e então obter a
recompensa emocional para se sentir melhor isto é colocaram outro como
responsável do seu bem-estar. Quando se entra nesse jogo neurótico, nos
prendemos emocionalmente às pessoas, anulamos a nossa naturalidade, e
consequentemente, a nossa espontaneidade, porque agora devemos ser o que as
pessoas exigem. Se há a exercício de ser algo para alguém não poderá haver a
expressão da espontaneidade. Não será possível praticar a ação sem ação. A
negação da espontaneidade sufoca a alma.
O terceiro obstáculo é a expectativa que se faz em relação a pessoas e
coisas. Aqui também temos a terceirização da auto estima. Expectativa é esperar que as minhas ideologias
sejam correspondidas para que nos permita viver o bem-estar, que já é nosso. Avaliando
de forma mais detalhada essa questão, o problema não é em si as ideologias de
como as coisas e pessoas devam ser para que possamos ficar bem. O problema é a
dependência mantida a algo externo, o ato de se tornar refém de algo que você
não tem controle. A expectativa mantém preso a uma atenção interior que lhe
priva também da sua natureza pois o contato com a sua natureza depende
fundamentalmente que você esteja livre e completamente solto internamente.
O outro obstáculo dessa relação é o querer ativo, que traduzimos como
ansiedade. O ansioso é o indivíduo que
se mantém com seu querer ativo. Se ele
mantém o querer ativo ele está num processo crônico de controle e portanto está
negando o princípio da ação sem ação, ou seja, enquanto houver controle não
haverá espontaneidade. Uma coisa é querer algo, no sentido de ter clareza do
que se almeja atingir, outra coisa é o querer ativo, a ansiedade, o movimento
que o torna obcecado.
Convido-os a continuar pensando neste assunto. Os textos desta, da
edição anterior, e da próxima, estão fundamentados nas aulas do professor
Horácio Frazão, na jornada de autoconhecimento e a partir da sua percepção de
mundo, disponível no Portal Metaflix https://horaciofrazao.metaflix.com.br/.
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