Para refletir sobre esse bem tão precioso da humanidade o texto do prefácio do livro, Mentiras essenciais, verdades simples de Daniel Goleman (ROCCO, 1997) e um poema de minha autoria, Tem alguém com sede neste mundo?
Vivemos um momento especialmente perigoso um momento em que a auto ilusão é um assunto de urgência crescente. O próprio planeta enfrenta uma ameaça desconhecida em outros tempos: sua completa destruição. Seja por uma morte rápida, resultado de uma guerra nuclear e das mudanças catastróficas que ela acarretará, ou a lenta morte ecológica, advinda da destruição das florestas, da terra própria para o cultivo e da água potável, a capacidade humana para auto iludir-se, terá desempenhado sua parte. Consideremos o acelerado crescimento do déficit ecológico – erosão do solo, diminuição das áreas florestais, pastagens que se transformam em desertos, a destruição da camada protetora de ozônio da atmosfera e o envenenamento e a extinção dos lençóis de água.
Nossos
hábitos de consumo, numa escala mundial, estão destruindo os recursos do
planeta numa velocidade sem paralelo em toda a história. Na verdade, estamos
destruindo o planeta para nossos netos, simplesmente pelo descaso com que
tratamos a ligação entre o nosso modo de vida e seus efeitos sobre o
planeta.
As
florestas virgens tropicais do Amazonas, por exemplo, estão sendo destruídas a
uma velocidade irredutível, com o fim de abrir espaço para pastagens para o
gado. Esse gado é criado, em sua maioria, para alimentar a fome de carne do
mundo todo. Quantos hambúrgueres fornece a destruição de 400 m² da selva
amazônica? Não sabemos. A resposta pode ser determinada, mas esse pequeno dever
de casa ainda não foi feito. E essa é a questão. Vivemos nossas vidas ignorando
as consequências para o planeta, para os nossos descendentes, do modo que
vivemos .
Desconhecemos
as conexões entre as nossas decisões diárias – por exemplo, comprar isso ao invés
daquilo – e o ônus que essas condições representam para o planeta. É possível
pesar, com exatidão relativa, o dano ecológico específico envolvido num dado
ato de fabricação. E, depois disso, é
possível gerar um padrão que resuma a extensão do dano na fabricação de um
carro, digamos, ou de uma caixa de papel de alumínio.
Como esse
conhecimento, poderíamos assumir maior responsabilidade pelo impacto que nosso
modo de vida têm sobre o planeta. Mas essa informação não está acessível, e
mesmo os que mais se preocupam com a ecologia não sabem realmente o efeito do
nosso modo de vida sobre o planeta.
E para a
maioria de nós, ignorar essa relação nos permite deslizar para a grande
mentira, auto ilusão, convencendo-nos de que as pequenas e grandes decisões da nossa
vida material não são muito importantes.
A questão, portanto, é o que
podemos fazer para desfazer essa auto ilusão, e as outras o que nos tem presos
em suas teias?
É um
paradoxo do nosso tempo o fato de que os que têm poder estejam tão
confortavelmente instalados, que nem notam a dor dos que sofrem, e os que
sofrem não tem poder . Para desfazer essa armadilha, é preciso , como disse
Elie Wiesel, coragem de dizer a verdade para o poder.
Tem
alguém com sede neste mundo?
Lá vem o Raimundo
Água, água, água.
Água para todos os sedentos.
Quem está com sede neste mundo?
A crise global ameaça o planeta.
Ambiente, destruição exponencial.
Uma etapa por vez.
Lá vêm o Raimundo
Água, água, água.
Tem alguém com sede neste mundo?
Agressão, progressão não monitorada.
Num dia tudo bem,
no outro, morte anunciada.
Água doce em risco.
Água doce para os ricos
Em ritmo quente,
Em ritmos velozes...
Ecossistemas destruídos
Espécies desaparecendo
Sem dar tempo necessário
Para a Natureza criar.
Poluição, poluição, poluição.
De 100 a 1000 vezes em extinção
As que faltam no planeta
Resultado acumulado
Pelos humanos liderados
Continua a agressão
O verde vidente aos olhos,
Jamais aos olhos parecerá evidente
A perda - o desmatamento.
Os chapéus das madames esfumaçam
Milhares e milhares vertem ou deixam vazar
Pesticidas, fertilizantes e herbicidas.
Oxigênio... Oxigênio... Oxigênio...
Um processo inteiro, medição,
Chuva ácida da chaminé ao porão
Em outras vias,
Das avenidas aos entrecortados caminhos,
Perdas em larga escala.
Nos vastos e profundos
As águas doces ameaçadas também estão
Com legítima autorização
A umidade da terra se esvai
A sujeira, sem filtros, se atira contra as encostas.
De um rio, que aos poucos se esgota.
Sem proteção, sem purificação,
As fontes de água doce
Com ciclos de seca e chuvas pesadas
É no Sul que estão às terras devastadas.
Para fugir da urbanização as barreiras naturais
Perdem-se com a inundação
Salvem as abençoadas esponjas protetoras!
Não podem ser removidas as florestas inundadas!
É a total destruição!
Derrubadas no ecossistema aquático
Podem ir a um segundo
Os vivos de cima e do fundo.
Uma, duas, três árvores atingidas.
Morrem,
E morrendo vão formando uma clareira.
Afetam plantações e rapidamente são destruídas.
Com o passar do tempo,
O solo nem irrigado serve
O sal em suas camadas o inutiliza.
Parte-se em pequenas partículas
E são levadas pelo vento.
Deixando-o seco, sem nada.
Para o cultivo do alimento
Contra a vida.
Os gases continuam subindo
Das ilhas de calor
Asfalto, paredes de tijolo, concreto,
Telhas de barro e de amianto,
Falta de vegetação,
Falta de impermeabilização
Calçados de borracha no calçamento
Sacolas plásticas soltas,
Cheias e vazias
No desvio da água entopem bueiros e galerias.
O planeta está numa fria.
A circulação dos ventos é interrompida,
O processo de evaporação é reduzido,
A radiação do calor é retida.
As contaminadoras,
Com seus gases cheirosos
Enxofre e monóxidos
Convertem-se em ácidos
Espalham-se na terra,
Nas águas, nas árvores,
E nas gentes.
A poluição do ar.
O aquecimento está no limite
Da chuva ácida aos ácidos
Consumidos pelos humanos - tóxicos
Que surgiram no solo, sadios.
E que voltam vadios
Entorpecidos pelos “gases” nocivos.
Acidificados perdem a vida - produto final
Sufocados na atmosfera
O planeta está asfixiado e imundo.
A água doce evapora rapidamente.
Quem vai matar a sede?
Os donos do mundo?
De que eles têm sede? De água?
Onde está o Raimundo?
Água, água, água.
Para todos os sedentos.
Quem vai matar a sede do mundo?
Água doce em risco.
Água doce para os ricos
Água, água, água.
Tem muita gente com sede Raimundo.
“Por
vezes as pessoas não querem ouvir a verdade por que não desejam que suas
ilusãoes sejam destruídas.” Friedrich Nietzsche
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